Curiosidade e diálogo
No capítulo Dialogicidade, de À
sombra de uma mangueira[i],
Paulo Freire nos convida à reflexão sobre a capacidade do ser humano de
compreender o mundo a partir da “razão, sentimentos, emoções e desejos” e a
consequência imediata daquela é a dialogicidade e o educador e teórico define este
movimento humano como
“[...] encontro dos
homens, imediatizados pelo mundo, para pronunciá-lo, não se esgotando,
portanto, na relação eu-tu. Esta é a razão por que não é possível o diálogo
entre os que querem a pronúncia do mundo e os que não querem; entre os que
negam aos demais o direito de dizer a palavra e os que se acham negados deste
direito” (Freire, 2005, p. 91)
A pronúncia do mundo exige que o conheçamos e para tanto é necessário
que tenhamos curiosidade para formulá-lo e esta requer interações que abarquem
o espanto diante dos fenômenos e das pessoas, postura indispensável ao fenômeno
gnosiológico.
De acordo com Paulo Freire
“Sem a curiosidade que
nos torna seres em permanente disponibilidade à indagação, seres da pergunta –
bem feita ou mal fundada, não importa – não haveria a atividade gnosiológica,
expressão concreta de nossa possibilidade de conhecer.” (FREIRE, 2000, p. 76)
Se a curiosidade e o diálogo são
pressupostos para a construção do conhecimento, enquanto educadores precisamos
optar pela democracia, pois esta é a base sobre a qual os seres interagem sob a
égide do respeito pelas ideias, opiniões, balizados pelos conhecimentos
formulados passíveis em serem refutados ou confirmados.
Portanto, a dialogicidade é o
movimento necessário do ser humano no mundo e com o mundo, a partir dos
fenômenos e das interações com o Outro.
Referências:
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro. Paz e
terra, 42ª edição. 2005, p.91
__________________À sombra desta mangueira. Dialogicidade.
Ed. Olho D’Água. São Paulo. 2000, pg. 76
[i] https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/2212023/mod_resource/content/1/A%20SOMBRA%20DESTA%20MANGUEIRA.pdf
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