sábado, 26 de dezembro de 2015




                                                                     Exercício Dialético

Discutir Infâncias, conceito cultural, exige abordagens interdisciplinares.  Portanto é necessário transitar por áreas distintas, porém correlatas. A Interdisciplina Infâncias de 0 a 10 Anos propiciou, através de indicações de leituras e teóricos, a construção de análises e teses a respeito das múltiplas Infâncias forjadas pelas sociedades.
Como resultado, produzi algumas teses a partir das demandas que a Interdiscplina exigiu. A primeira delas versa sobre o conceito de Infância. Sobre este conceito escrevi e postei no fórum específico. Abaixo a transcrição:
 “O conceito cultural Infância foi cunhado na Modernidade. A partir deste período histórico a criança passou a ser reconhecida como promessa na construção do homem quando este passa a ser o centro das preocupações dos estudos filosóficos. Por ser conceito cultural a Infância refletirá as diversas culturas, consequentemente teremos inúmeras Infâncias.”
Seguimos discutindo o tema central desta Interdisciplina e fomos provocadas a analisar a mídia e seus impactos na vida das crianças. Para embasar e iniciar as discussões foram indicados textos escritos por Contardo Calligaris e Mariangela Momo. E deste trabalho fomos convidadas a escrever um texto, no qual demonstrássemos nossa posição diante da Infância nas mídias. O texto abaixo transcrito foi o resultado desta reflexão:
“Indiscutivelmente as crianças estão expostas aos mais diversos estímulos para que sejam elas a decidir sobre o que querem consumir, desde a comida até o modelo do celular. Entre aquelas e os pais há a mídia sedenta por aumentar o número de consumidores de tudo o que pode ser vendido, e entre as novidades há a venda da felicidade hoje oferecida em “frascos” de todos os feitios e tamanhos.
A mídia descobriu o quanto as crianças até os 12 anos são vulneráveis, tanto quanto as relações familiares e apostou nos talentos e investimentos para ter este filão à disposição da ferrenha disposição em aumentar os lucros.
Consequentemente  as peças publicitárias são elaboradas tendo como o sujeito central a criança. Crianças felizes ao vestirem e calçarem uma determinada marca, acessando tecnologia em grupo, fazendo refeições com os pais regadas a comida instantânea. Felicidade em cápsulas. Prontas para serem vendidas a quem puder pagar o preço aferido.
Concluo com uma frase proferida pelo professor Mário Sérgio Cortella, proferida no Fórum Internacional Criança e Consumo, 2011,“...consumo não está atrelado às crianças, mas  de fato é uma educação coletiva...”
Além do texto indicado acima, assinado por Momo, o texto Mídia e Consumo na produção da Infância Pós-Moderna da autora, nos levou a refletir sob a ótica de Baumann, Lyotard, Lipvetski, Lemert, Harvey sobre o mundo contemporâneo e seus impactos sobre a vida da Categoria Geracional, defendida por Jens Qvortrup, qual seja, a Infância.
Segundo Momo (2010, p.73) há convergência, no que tange à mídia e ao consumo, entre os autores acima citados, quando estes versam sobre o mundo contemporâneo.
Além dessas abordagens, discutimos e desenvolvemos teses sobre  modos de representação da criança.  A infância erotizada, infância soft, tendências representativas da infância pelo viés étnico-racial, criança selvagem, normal e social. Temas que permeiam nossas práticas pedagógicas.
Do mesmo modo em que o diálogo é viabilizado entre autores, realizo o exercício deste quando procuro sistematizar o que li e estudei. Como resultado, vou travando diálogos que me permitem  transitar por áreas similares, fazendo o exercício dialético. Visto que há um ponto de partida, cito o texto de Sarmento (2000), que me levou novamente a Qvortrup (2011) que tinha sido estudado anteriormente.
Em virtude deste exercício dialético, produzi outra síntese, esta baseada nas teorias dos autores citados. Abaixo a transcrição do texto denominado Infância e Seu Lugar no Mundo, publicado no blog.
Portanto, o exercício constante de reflexão sobre a Infância proporcionou outros lugares de onde pude observar a constituição desta Categoria Geracional, qual seja, a Infância. Deste exercício pude desenvolver minhas teses que serão o suporte para novas indagações, formulações e teses.


   





terça-feira, 22 de dezembro de 2015



                                                     Infância Roubada             

      Crianças Invisíveis, filme produzido por Chiara Tilesi e dirigido por Mehdi Charef, Emir Kusturica, Spike Lee, Katia Lund, Jordan Scott, Ridley Scott, Stefano Veneruso e John Woo retrata histórias nas quais crianças de culturas diferentes são vítimas da supressão de sua infância e o resultado é a perda de visibilidade destas pela família e sociedade.  As histórias são retratadas ora de maneira poética, ora de maneira realista fazendo um convite à reflexão.
     Histórias densas que refletem a delicadeza inerente à humanidade preservada de cada um dos personagens apesar das vicissitudes impostas pela negligência. O exemplo de Tanga, o menino-soldado, que ao chegar a sua aldeia, busca seus brinquedos escondidos pela guerra e a lágrima contida escorre pelo belo rosto. Outra história comovente é o curta-metragem brasileiro dirigido por Katia Lund. Bilú e João são crianças adoráveis que driblam as vicissitudes com inocência e imaginação. Conseguem andar pelas ruas de uma grande cidade a bordo de um carrinho-de-papeleiro imaginando estarem pilotando uma Ferrari. “Quando recebi a proposta de participar deste projeto fiquei pensando em que história iria contar. Não queria mais falar sobre o tráfico, sobre o dia-a-dia das crianças que se envolvem com as drogas. Optei pelas crianças que vivem em comunidades carentes, mas que não entram para o tráfico, que não se envolvem com as drogas – o que representa na verdade a grande maioria dos jovens, 99%”. (Katia Lund, 2002)
    Segundo a UNICEF, “nos casos extremos, essas crianças realmente desaparecem da vista de todos – tornam-se invisíveis em suas comunidades e sociedades. É difícil obter evidências consistentes da extensão das violações do direito à proteção, que aumentam os riscos de que essas crianças se tornem invisíveis. No entanto, aparentemente, quatro fatores são fundamentais em muitas delas: a falta ou a perda de uma identidade formal; proteção inadequada por parte do Estado para crianças sem cuidados familiares; exploração de crianças por meio do tráfico e de trabalho forçado; e a entrada prematura das crianças em papéis adultos, como casamento, trabalho sob condições perigosas, e conflito armado. Embora esses fatores não sejam os únicos a causar a invisibilidade das crianças, certamente estão entre os mais significativos, com consequências que, frequentemente, estendem-se muito além da infância.”
   O filme ilumina situações recorrentes em todas as regiões do planeta para que os governos, sociedades e cidadãos se sensibilizem com a perda de direitos por crianças que dependem da proteção integral destes atores.  Crianças com nomes tão comuns como qualquer criança que encontramos no cotidiano. A singularidade destas crianças retratadas no filme é estarem invisíveis diante dos olhos de homens e mulheres que tem o dever de protegê-las para que possam crescer e brincar, descansar e aprender.

                                            Estudo e pesquisa: exigência docente        Ensejando a continuidade dos estudos e porvent...