segunda-feira, 3 de outubro de 2016

              

                Ensinar. Voo. Gaiola. Encorajar. Escolas. Amar.

Certamente o aforismo nasce de um assombro, brota no momento exato no qual há uma suspensão do pensamento por não saber por onde ou como continuar, pois a ideia motriz foi desafiada.
Rubem Alves, educador, escritor e mestre do assombro nos convida, através de diversos livros, vídeos, palestras e outros a partilhar de diversas situações que possibilitaram sua caminhada depois de parar e refletir, sofrer e sorrir, pensar e escrever.
Por exemplo, o educador nos desafia ao relatar um episódio que o fez sofrer, pensar, escrever. Palavras dele: “esse simples aforismo nasceu de um sofrimento: sofri conversando com professoras do ensino médio em escolas de periferia. O que eles contam são relatos de horror e medo. Balbúrdia, gritaria, desrespeito, ofensas, ameaças... E eles, timidamente, pedindo silêncio, tentando fazer as coisas que a burocracia determina que sejam feitas: dar o programa, fazer avaliações... Ouvindo os seus relatos, vi uma jaula cheia de tigres famintos, dentes arreganhados, garras à mostra – e os domadores com os seus chicotes, fazendo ameaças fracas demais para a força dos tigres...”
Gaiolas, esta é a imagem que resulta deste relato. Naquelas professoras (e) e alunos (a) se debatem tentando sair, porém há portas e trancas, chaves e cadeados.
Entretanto, para Rubem Alves, há escolas que encorajam tanto o aluno quanto o professor.
Segundo o autor, há escolas que são gaiolas e escolas que são asas. Escolas que controlam e escolas que encorajam. Outras que prendem e outras que libertam.
É inegável que a escola pode ser um espaço rico onde alunos e professores desenvolvam a inteligência que os capacite para explorar, proteger e inferir no mundo natural e o criado pela ação humana. Para tanto, é necessário que sejam respeitadas as peculiaridades inerentes às interações e às diferenças. Rubem Alves ao citar Nietzsche deixa claro o que pensa sobre educação. Diz ele: “Nietzsche dizia que ela, a inteligência, era a “ferramenta” e “brinquedo” do corpo” e segue explicando que as “ferramentas” são os conhecimentos e os “brinquedos” são todas as coisas sem utilidade, porém dão prazer.
Todavia, se não nos espantarmos com a folha que cai, nosso aluno verá a folha como parte da planta sem nenhuma função além de ser parte, desprezando que a folha pode ser também uma parte do arco-íris, pois é verde; uma parte do rio que “hoje está verde”, pois o céu está esverdeado e outros tantos matizes e formas, odores e humores.
Exercitar o olhar, o tato, olfato, arrepiar-se com a brisa precisam ser nossos brinquedos para que possamos revisar, reescrever, suscitar leituras, pesquisas, olhares sobre este objeto-ação ao qual denominamos educação. Ampliar este conceito para além das amarras impostas pela burocracia que engessa/engaiola como bem define Rubem Alves e desafio cotidiano em uma sociedade ainda em pleno desenvolvimento democrático. Conforme o autor, as escolas podem ser espaços onde os seres, tanto alunos quanto professores podem voar pelos caminhos do mundo e da alma.




                                            Estudo e pesquisa: exigência docente        Ensejando a continuidade dos estudos e porvent...