quinta-feira, 3 de maio de 2018


                                                      
                           Atividade solicitada pela Interdisciplina Linguagem e Educação


                                                 Plano de Aula

Turma: 3º Ano
 Faixa etária envolvida: 8 a 11 anos
Componentes Curriculares: Ciências Humanas, Linguagem, Ciências da Natureza

 Objetivos:
- Identificar as rimas que compõem o poema
- Proporcionar através do diálogo, identificação de tipos de moradias, inclusive a situação dos moradores de rua
- Conhecer o autor da obra, através de texto informativo
- Cantar o poema
- Representar o poema através de sequência gestual
- Representar a casa imaginada a partir da audição/leitura do poema, através das artes plásticas

 Desenvolvimento:
 A apresentação do poema será feita após algumas “rodas de conversa” sobre as estações do ano, que é um dos temas trabalhados durante o ano. Com a chegada do frio intenso, incentivei os alunos que observassem, no trajeto entre escola/moradia, como as pessoas estavam vestidas e enquanto relatavam, surgiu a situação dos moradores de rua.
Aproveitando este mote, escolhi o poema A Casa[i], de Vinícius de Moraes.
Iniciarei solicitando a leitura silenciosa e logo em seguida farei a leitura do mesmo.  Após ler para os alunos, falarei sobre o autor, apresentarei um vídeo no qual Vinícius de Moraes conversa com Toquinho[ii] sobre “a Casa” e solicitarei que um(a) aluno(a) leia em voz alta o texto informativo que acompanha o poema no livro didático. Solicitar que prestem atenção, enquanto a leitura do poema for feita, nas palavras que rimam.
Após este momento, apresentarei um vídeo[iii] muito interessante para que os alunos conheçam diferentes maneiras de representar uma ideia.
Depois da audição deste vídeo, convidarei os alunos para cantarem o poema musicado. No primeiro momento coletivamente e na sequência acolher as ideias da turma.

Atividades:
- Sublinhar no poema as palavras que rimam;
- Fazer uma lista de palavras que rimam com as destacadas no poema;
- Montar uma sequência gestual/corporal que represente a música (trabalho em pequenos grupos);
- Representar através de diferentes materiais a “casa engraçada” imaginada (trabalho individual ou em duplas)

 Reflexões:
Fiquei muito feliz com o resultado deste trabalho.  As crianças participaram de todas as atividades e sugeriram outras, como por exemplo, cantar e bater palmas, acompanhando o ritmo. Também sugeriram que ensaiassem para apresentar para os pequenos do 1º Ano o poema através do gestual/corporal.

Análise reflexiva

Para ele (Vygotsky)[i], todo sujeito adquire seus conhecimentos a partir de relações interpessoais, de troca com o meio. Por isso, é chamado de interativo. Vygotsky afirma que aquilo que parece individual na pessoa, é na verdade resultado da construção da sua relação com o outro. Um outro coletivo, que veicula cultura.”

Com o objetivo de analisar e refletir sobre o relato apresentado em forma de planejamento de aula, traçarei algumas linhas, tendo como norteadores destas, os conceitos de Jean Piaget [ii]e Le Vygotsky[iii] à respeito do processo de construção de conhecimento e aquisição da linguagem.
Provocar os estudantes para que percebam o meio no qual estão inseridos, através das produções humanas é um mote generoso, pois a realidade apresentada através da poesia cria ambiências possíveis para diferentes posicionamentos e representações.
Esta sempre é a escolha que faço para o trabalho diário, elencando entre diversos títulos, seja música, parlenda, poesia, contos de fadas, entre outros as motivações para provocar alunas e alunos para que demonstrem o que pensam, sentem e a partir desta dinâmica possibilitar a aquisição de conhecimentos, a elaboração de questões pertinentes aos assuntos levantados pelos estudantes, representação daquilo que compreenderam, a apresentação de determinados conceitos e, quando possível à pesquisa destes pelos discentes.
Para o desenvolvimento do plano de aula postado acima, previ a interação entre os alunos e eu a partir da roda de conversa e posteriormente trabalhos em grupo e em duplas e o resultado foi muito bom, pois a situação dos moradores de rua provocaram diversos posicionamentos e a partir destes foi possível oferecer e escutar diferentes opiniões sobre aquela.
Considero que os sujeitos resultantes deste momento possam ser denominados “interativos” pela acepção Vygotskyana e também que o desenvolvimento da lógica foi possibilitada através da socialização da fala. (Montoya, 2006, p. 121)

Referências:
MOTOYA. Adrián Oscar Dongo. Pensamento e linguagem: percurso Piagetiano de investigação. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 11, n. 1, p. 119-127, jan./abr. 2006 Disponível em: https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/2390158/mod_resource/content/2/Percursos%20piagetianos.pdf Acesso em: 03/05/18



Interação

terça-feira, 1 de maio de 2018


                                    
                                 Currículo X Modo de produção
                                        
Sem dúvida alguma, os currículos elaborados pelos sistemas educacionais do século passado, percorrendo todo o século XX, foram influenciados pelos modos de produção daqueles períodos, dentre estes o Taylorismo & Fordismo, pois o aparato escolar é parte da sociedade.
De acordo com Santomé (1998, p.1)

Nas análises efetuadas a partir do final do século passado e durante todo o século XX, sobre o significado dos processos de escolarização e, consequentemente, sobre os conteúdos culturais que se manejam nos centros de ensino, chama poderosamente atenção à denúncia sistemática do distanciamento existente entre a realidade e as instituições escolares.

De fato, o afastamento do cotidiano é recorrente nas escolas, pois o planejamento assentado no currículo prevê que os alunos decorem fórmulas, localizem estados e países,  aprendam regras para dissertações, entre outras e não contemplam a reflexão, a discussão, defesa de pontos de vista, a concretização de ideias através da autoria, seja através da escrita, discurso ou pela representação plástica daquilo que foi elaborado coletivamente e individualmente.

Conforme JAPIASSU (1994, p. 48-55)

Em nosso sistema escolar, “ensina-se um saber fragmentado, que constitui um fator de cegueira intelectual, que decreta a morte da vida e que revela uma razão irracional.

A cegueira intelectual apontada por Japiassu é foto em sépia da realidade revelada  pelos índices de analfabetismo funcional demostrados pelo  Inaf[i]. Este demonstrou que 27% da população do país faz parte daquele grupo.
Para Machado (2017)[ii]
Não são poucos os brasileiros, principalmente na população adulta, que não conseguem dominar a leitura e a escrita nem entender o que leem, ou não sabem fazer cálculos, em diferentes níveis de escolaridade, inclusive com Ensino Superior completo.

Ainda Santomé (1998, p.4)

Este processo de desqualificação e atomização de tarefas ocorrido no âmbito da produção e da distribuição também foi reproduzido no interior dos sistemas educacionais. Tanto trabalhadores como estudantes verão negadas suas possibilidades de poder intervir nos processos produtivos e educacionais dos quais participam. A taylorização no âmbito educacional faz com que nem professores nem alunos possam participar dos processos de reflexão crítica sobre a realidade. A educação institucionalizada parece ter se reduzido exclusivamente a tarefas de custódia das gerações mais jovens. As análises dos currículos ocultos evidenciam que o que realmente se aprende nas salas de aula são habilidades relacionadas com a obediência e a submisão à autoridade (Santomé, 1998, p.4 apud Jackson, P.W., 1991; Torres, J., 1991)

Na passagem do século XX para o atual, o modelo de produção baseado nas ideias de Taylor e Ford não atende as exigências do mercado. O trabalho em equipe supera o trabalho individual, portanto é necessário que o trabalhador possa inferir, decidir, escolher, junto aos seus pares.

Santomé (1998, p.7) assevera:

Na filosofia toyotista[iii] existe uma organização e reorganização do trabalho de acordo com os princípios de flexibilidade horizontal e vertical e de multifuncionalidade. Pode-se afirmar que existe uma importante redescoberta do interesse da pessoa trabalhadora como elemento chave da rentabilidade e competitividade da empresa; existe o convencimento de que, sem sua cooperação e compromisso, é impossível aumentar a produtividade e melhorar a qualidade.

No que tange à mudança de paradigma no que se refere às alterações ocorridas nos planejamentos e currículos escolares, Santomé (1998, p.10) afirma que

[...] numerosas propostas pedagógicas que estão sendo divulgadas por instâncias ministeriais pertencentes ao próprio Governo, que atualmente também está contribuindo com a flexibilização dos mercados de trabalho, adquirem sentido se levarmos em consideração esta interdependência entre a esfera econômica e a educacional. Conceitos e propostas como as de ―descentralização‖, ―autonomia dos centros escolares‖, ―flexibilidade dos programas escolares‖, ―liberdade de escolha de instituições docentes‖, etc., têm sua correspondência na descentralização das grandes corporações industriais, na autonomia relativa de cada fábrica, na flexibilidade de organização para ajustar-se à variabilidade de mercados e consumidores, nas estratégias de melhora de produtividade baseada nos círculos de qualidade, na avaliação e supervisão central para controlar a validade e o cumprimento dos grandes objetivos da empresa, etc.


Portanto, é possível concluir que a escola, como parte da sociedade, sofre influência direta das escolhas de modelo econômico e administrativo que permeiam o tecido social e o resultado é a permanente disputa entre os indivíduos que se envolvem direta e indiretamente com a construção do conhecimento e a divulgação deste para as novas gerações e para aqueles sujeitos excluídos do processo.

Referências:
JAPIASSU, Hilton. A questão da interdisciplinaridade. Revista Paixão de Aprender. Secretaria Municipal de Educação, novembro, n°8, p. 48-55, 1994 Disponível em: https://moodle.ufrgs.br/course/view.php?id=51541 Acesso em: 01/05/18
MACHADO. Sandra. Os parâmetros do analfabetismo funcional. MultiRio. Rio de Janeiro, RJ. 2017 Disponível em: http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/leia/reportagens-artigos/reportagens/12236-os-par%C3%A2metros-do-analfabetismo-funcional Acesso em: 01/05/2018
SATOMÉ. Jurjo Torres. Globalização e Interdisciplinaridade. O Currículo Integrado. Dispoível em https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/2399549/mod_resource/content/1/As%20origens%20da%20modalidade%20de%20curr%C3%ADculo%20integrado%20de%20Santom%C3%A9.pdf Acesso em: 01/05/18
__________ibdi., p.4.
__________ibid., p.7.
__________ibid., p.10




segunda-feira, 30 de abril de 2018


                                 

Inovação pedagógica

Inovação pedagógica é o rompimento com um paradigma através do arcabouço teórico e dialógico fundamentados nas teorias que versam sobre saberes produzidos ao longo da história humana.

De acordo com CUNHA (2004, p.8)

[...] Tardif, Lessard & Lahye (1991) chamavam a atenção para a importância de considerar que os professores são produtores de saberes e que estes são plurais na sua constituição e natureza. Apontavam três tipos de saberes como constituintes da docência: os saberes das disciplinas, os saberes curriculares e os saberes da experiência.


Enquanto docente, o sujeito não declina de suas experiências ao planejar e/ou interagir com os discentes, nem tampouco deriva da intencionalidade pedagógica por não ter a resposta para uma questão. A inovação acompanha o fazer didático se for analisado como interações constantes e estas são repletas de signos e significantes que tornam-se concretos somente no momento em que são nomeados/sugeridos por um/a aluno/a.

Conforme CUNHA (2004, p.12) [...] A inovação existe em determinado lugar, tempo e circunstância, como produto de uma ação humana sobre o ambiente ou meio social.


Referências:
CUNHA. Maria Isabel. Inovações pedagógicas e a reconfiguração de saberes no ensinar e no aprender na universidade. VIII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais. Centro de Estudos Sociais, Faculdade de Economia, Universidade de Coimbra, Portugal, 16 a 18 de setembro de 2004.
_______ibdi., p. 12.



domingo, 29 de abril de 2018



                                  Linguagem e conhecimento

Com o propósito de evidenciar as relações entre as teorias de Jean Piaget [i]e Lev Vygotsky[ii] quanto ao processo de conhecimento e aquisição da linguagem, dissertarei com base no texto[iii], no PPT e no vídeo[iv] indicados pela Interdisciplina Linguagem e Educação.
Sem dúvida alguma, há um ponto em comum quanto à elaboração das teses à respeito da aquisição da linguagem e o processo de conhecimento desenvolvidas por Piaget e Vygotsky, qual seja, as interações do sujeito no meio, junto aos seus pares impactam sobre o desenvolvimento das funções psicológicas superiores (percepção, memória, pensamento, atenção) e no desenvolvimento humano.
De acordo com Montoya (2006, p.121)

[...] Vygotsky destaca a coincidência de sua hipótese com a hipótese explicativa de Piaget daquela época, pois para ele o desenvolvimento da lógica na criança é uma função direta de sua fala socializada.
Basicamente, o desenvolvimento da fala interior depende de fatores externos: o desenvolvimento da lógica na criança, como os estudos de Piaget demonstram, é uma função direta de sua fala socializada. O crescimento intelectual da criança depende de seu domínio dos meios sociais do pensamento, isto é, da linguagem (Vygotsky, 1991 p.44).

Tanto Vygotsky quanto Piaget analisaram o desenvolvimento interno a partir das interações sociais do indivíduo no meio. Para Vyotsky, o plano interno é resultado da internalização resultante das ações no meio social, mediadas através da linguagem e conforme Montoya (2006, p. 124), Piaget defende que

 A evolução da ação do indivíduo depende da evolução das relações nas quais este se encontra inserido, e isso reciprocamente. Nessa evolução a idéia de socialização se encontra intimamente relacionada com a cooperação: socializar significa compartilhar noções e signos com uma comunidade de falantes e ao mesmo tempo distingui-los das próprias idiossincrasias e dos pontos de vista particulares.


Os sujeitos são ativos no processo de desenvolvimento humano, que contempla entre outros, aquisição da linguagem e na elaboração do conhecimento.
          De acordo com  Motoya (2006, p.126)
[...] para Piaget, a tese teórica maior para explicar a evolução do comportamento humano, incluídas a inteligência e a linguagem, é da continuidade com reconstrução das estruturas anteriormente adquiridas. Entretanto, isso não significa o abandono da necessária ação das relações sociais na formação do pensamento conceitual; pelo contrário, para ele, permanece a explicação da evolução do pensamento em função das interações sociais, como nas suas teses iniciais, mas na condição de permanecer garantida a atividade de processos internos e a continuidade, com reconstrução, de conquistas anteriormente alcançadas.


Da mesma forma, Vygotsky defende que o indivíduo não é passivo no que concerne à formação intelectual e na construção do conhecimento,
Diante disso, é importante considerar que para Piaget e Vygotsky as ações dos sujeitos são fundamentais para a aquisição da linguagem e no processo de conhecimento.

Referências:
MONTOYA. Adrián Oscar Dongo. Pensamento e Linguagem: percurso Piagetiano de investigação. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 11, n. 1, p. 119-127, jan./abr. 2006
____ibid., p. 124.
____ibid., p. 126.

                                            Estudo e pesquisa: exigência docente        Ensejando a continuidade dos estudos e porvent...