sexta-feira, 14 de dezembro de 2018




Espaço e forma: experimentando para descobrir

Sem dúvida, assim como a Alfabetização no que tange à grafia, ao fonema, ao letramento, à construção do número e suas aplicações, através da lógica, também é necessário que planejemos situações para que a criança, a partir do seu corpo, vivencie o espaço e as formas para ter competência de representar os mesmos.
Consoante Montoito et all apud Piaget, 2012, p. 23

a criança constrói seu conhecimento por meio de uma experimentação ativa, ou seja, experienciando os objetos sem formar conceitos sobre estes, pois isto só ocorrerá mais tarde. Por meio da experiência física, a criança conhece os objetos conforme os vai manipulando, o que a leva a descobrir propriedades materiais que podem ser notadas através da observação e do tato.

Trabalhar estes conceitos exige que iniciemos a partir de atividades nas  quais o espaço aberto esteja presente, após explorar o corpo em movimento junto aos colegas na sala de aula.
Como também montar com os alunos um acervo com diferentes recipientes, caixas, esferas, cones em diferentes materiais e com estes explorar planificando-os, remontando-os, construindo maquetes nas quais eles poderão inserir trajetos, como por exemplo a escola e o entorno. A rua lateral onde esperam o transporte escolar ou a frente da escola onde os familiares os aguardam.
O corpo em movimento no espaço, visualizando e manipulando formas. 

Referências:
MONTOITO. Rafael; LEIVAS. José Carlos Pinto. VIDYA, v. 32, n. 2, p.21-35, jul./dez., 2012 - Santa Maria, 2012. ISSN 0104-270 X. Disponível em: file:///C:/Users/Mara/Downloads/271-866-1-PB.pdf Acesso em: 15/12/18


quarta-feira, 12 de dezembro de 2018




Mediando a palavra no mundo com o Outro

“[...] Para mim, seria impossível engajar-me num trabalho de memorização ,mecânica dos ba-be-bi-bo-bu, dos la-le-li-lo-lu. Daí que também não pudesse reduzir a alfabetização ao ensino puro da palavra, das sílabas ou das letras. Ensino no qual o alfabetizador fosse “enchendo” com suas palavras as cabeças supostamente “vazias” dos alfabetizandos. [...]” (Hara, 1992 apud Freire)


         Sem dúvida alguma, ao nos declinarmos sobre assunto tão instigante quanto crítico como é a alfabetização, é inescapável fundarmos nossas reflexões e ações sobre os pilares engendrados por aquelas e aqueles que assumiram que este é o ponto de partida para todas e todos que trilham a caminhada pela sociedade grafocêntrica, fundada sobre alicerces robustos, porém fragilizados pela ausência de muitos daqueles e daquelas que não estão inseridos naquela por não serem alfabetizados ou letrados.
De fato estamos sob uma “dicotomia gerada”, qual seja alfabetizado X letrado, pela ausência de debates robustos por aqueles e aquelas que atuam como profissionais da Educação, especificamente os docentes no que tange à aquisição da leitura e da escrita, quais as nuances encontradas nas diferentes realidades e as particularidades identificadas de acordo com as vivências de cada sujeito que chega ao sistema educacional.
Pode-se dizer que há dicotomia entre alfabetização e letramento quando não compreendemos que ao adquirir competência para utilizar como ferramenta de comunicação e interação, a leitura e a escrita nos mais variados ambientes e situações, o sujeito é capaz de decodificar, produzir e agir sobre/no ambiente e com seus pares, portanto “acrescentando a ela (realidade) algo que ele mesmo é fazedor.” (HARA, 1992 apud FREIRE)
Consoante Hara (1992) apud Freire

“[...] entende alfabetização como um ato de conhecimento, no qual “ aprender a ler e a escrever já não é, pois, memorizar sílabas, palavras ou frases, mas
refletir criticamente sobre o próprio processo  de ler e escrever  e sobre o profundo significado da linguagem.”

   De acordo Cury (2000, p.3) apud Soares (1998, p.19)

“[...] define que letramento é resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler ou escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita [...]”


De tal forma que, o sujeito é alfabetizado quando reflete sobre o que lê e escreve de maneira crítica, como também é letrado como quando se apropria da leitura como também da escrita, portanto letramento e alfabetização são complementares e não opostos, e somente serão se @s educador@s não forem mediador@s entre o conhecimento construído e as vivências que serão ferramentas na aquisição da linguagem, que é veículo do pensamento.
Em sala de aula é comum a presença de alun@s que não leem o que escrevem, o fazem de maneira mecânica. As solicitações para que leiam um enunciado vem acompanhada de “não entendi”, quando o que acontece é a incompreensão da escrita como um meio de comunicação.
Esta situação é rica para aquel@s que trabalham com os Anos Iniciais do Ensino Fundamental, pois é possível utilizar jogos, brincadeiras, diferentes gêneros textuais para tornar lúdicas as atividades e poder ir inferindo sobre os aspectos que contribuem para que as crianças não percebam que a escrita é a grafia do pensamento, uma das linguagens possíveis para que o Outro possa acessar o que pensam/elaboram.
Na Interdisciplina Didática, Planejamento e Avaliação fizemos uma viagem na história da Educação e no caminho encontramos Comênio[i], o pai da didática, definida como a Arte de ensinar. No compêndio Didática Magna, Comênio assevera que é possível ensinar e aprender sem enfado, com prazer e que “os fundamentos de todas as coisas que se aconselham são tirados da própria natureza das coisas”(COMÉNIO, 1995, p.525) E desta forma tenho planejado o cotidiano com a turma, avaliando e reescrevendo os projetos e planejamentos.
Utilizo as rimas, parlendas, lenga-lengas, cédulas, materiais concretos, saídas de campo e outros recursos para ir dialogando sobre as observações, aplicações possíveis com aquilo que manuseiam e solicito que anotem, escrevam um recado para os familiares, um bilhete para a Diretora, façam um final diferente, uma nova rima e assim os indivíduos vão grafando e refletindo, falando e criticando a sua produção e refazendo conforme encontram algo que não compreendem ou percebem que está incompleto.

      Enquanto indivíduo em uma sociedade grafocêntrica é imperativo que a palavra escrita e falada tenha significado e este é parte integrante da palavra, pertencendo ao domínio da linguagem e ao domínio do pensamento, pois uma palavra sem significado é um som vazio. (SILVA, 2010 apud VYGOTSKY, 2005)
  A Interdisciplina Educação de Jovens e Adultos no Brasil oportunizou que refletíssemos sobre as peculiaridades vivenciadas por aqueles sujeitos excluídos das diferentes formas de expressão, cidadania e mercado de trabalho por serem analfabetos ou iletrados e quais as possibilidades de reinserção daquelas ao protagonismo e autonomia.
 Fomos provocadas para a reflexão-ação pela Interdisciplina citada, a partir das leituras e da prática de observação em salas de aula da EJA e deste laboratório foi possível compreender o quanto a linguagem é ferramenta potente do pensamento.
Para compreender como o humano adquire a linguagem, esta que é instrumento do pensamento e equaliza homens e mulheres como seres grafocêntricos, aprofundamos os estudos realizados por teóricos como Skinner, Chomsky, Vygotsky e outros na Interdisciplina Linguagem e Educação e inspiradas naqueles elaboramos um planejamento de aula para ser aplicado em nossas turmas e este deveria ter como objetivo principal o desenvolvimento da linguagem.
As possibilidades que se apresentam ao elaborarmos um instrumento, no qual prevemos estratégias e avaliação são inúmeras, entre aquelas a pesquisa de  diferentes estratégias e  recursos.
A necessidade em inovar exige que tenhamos em vista o que queremos e enquanto educadora pretendo oferecer oportunidades para que os educandos possam agir sobre o ambiente e interajam com o/s Outro/os. Para tanto, inovar pedagogicamente requer uma ruptura necessária que permita reconfigurar o conhecimento para além das regularidades propostas pela modernidade (CUNHA, 2004)
Efetivamente a Interdisciplina Educação e Tecnologias da Comunicação e Informação propôs diferentes atividades nas quais tivemos de utilizar recursos em diferentes plataformas, pesquisas e avaliações e consequentemente fomos além das regularidades até então praticadas como docentes.
Ao inovarmos é inevitável a reflexão sobre modelos pedagógicos e modelos epistemológicos, que são diferentes modos de ensinar/aprender e a resultante destes é o imperativo para selecionarmos quais recursos e estratégias se adequam àqueles.
Sobre os modelos pedagógicos e epistemológicos fomos provocadas pela Interdisciplina Seminário Integrador à descrição de uma Cena na qual uma escola abarcava os diferentes modelos pedagógicos e epistemológicos, definidos por Fernando Becker (1995) como pedagogia diretiva, pedagogia não-diretiva e, talvez criando um novo termo, pedagogia relacional.
A atividade instigou à reflexão da minha prática docente, das condições nas quais fiz a formação como “Normalista[ii]”, que recursos, estratégias utilizo para sensibilizar @s educand@s,  no que tange à curiosidade, pesquisa, interesse e percebi que é comum planejar uma aula com referencial na Pedagogia Relacional, porém me deparo com encaminhamentos da Diretiva, pois assim fui formada para o oficio, e na condição de graduanda PEAD tenho sido motivada para continuar aprofundando as pesquisas, elaborações, a formação de rede entre os pares e destes arranjos ir desenvolvendo as competências para planejar e atuar dentro dos parâmetros da Pedagogia Relacional.



Referências:

BECKER, Fernando. Modelos pedagógicos e modelos epistemológicos. Educação e Realidade, Porto Alegre, p.89-96, 01 jun. 1994. Semestral. 19(1). Disponível em: <https://pt.scribd.com/document/260250772/BECKER-Fernando-Modelos-pedagogicos-e-modelos-epistemologicos-2-pdf>. Acesso em: 10 abr. 2018.

COMÉNIO, João Amós. Didácta Magna: tratado da arte de ensinar tudo a todos. 4. Ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996. 525 p. Disponível em: https://moodle.ufrgs.br/course/view.php?id=51541 Acesso em: 12/08/2018

CUNHA, M. I. Inovações pedagógicas e a reconfiguração de saberes no ensinar e no aprender na universidade. Anais ... VIII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais. Coimbra, Portugal, 2004, p.1-16. Disponível em: <https://www.ces.uc.pt/lab2004/pdfs/MAriaIsabelCunha.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2018.

HARA, Regina. Alfabetização de Adultos: Ainda um Desafio. Cedi - Centro Ecumênico de Documentação e Informação, São Paulo, p.26-34, 1988. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.abong.org.br/bitstream/handle/11465/1685/19.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 01 out. 1988.

______Id. Ibid.


PARECER CNE/CEB 11/2000 HOMOLOGADO: Parecer Conselho Nacional de Educação. 11. ed. Brasília, BRASÍLIA: Mec, 19 maio 2000. Parecer. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/pceb011_00.pdf>. Acesso em: 10 maio 2000.

SILVA, Samanta Demétrio da. Aquisição da Linguagem. Webartigos, Porto Alegre, p.01-12, 2010. Disponível em: <https://www.webartigos.com/artigos/aquisicao-da-linguagem/43208>. Acesso em: 22 jul. 2010.




[i] https://www.cartacapital.com.br/educacao/carta-fundamental-arquivo/o-pai-da-didatica
[ii] https://www.dicio.com.br/normalista/

                                            Estudo e pesquisa: exigência docente        Ensejando a continuidade dos estudos e porvent...