Reelaborar a realidade
Indiscutivelmente a leitura
proporciona inúmeras possibilidades, entre elas a de alargar horizontes,
fruição, imaginação.
Quando a leitura é oferecida
pelo inusitado, como encontrar um livro há muito tempo lido e que momentaneamente
vem ao encontro do estudo ou anseio, torna-se aquele uma ferramenta de fruição
pelo prazer da surpresa e alarga horizontes, pois oferece novos olhares sobre
um tema caro.
Pois foram a largueza e a
fruição, as surpresas ao encontrar entre leituras já realizadas o livro
Gramática da Fantasia, de Gianni Rodari (1982). Largueza porque oferece
possibilidades de reflexão sobre a imaginação e esta “ manifesta-se nas
brincadeiras dos animais: assim, manifestam-se ainda mais na vida infantil. A
brincadeira, o jogo, não é uma simples recordação de impressões vividas; mas
uma reelaboração criativa delas, um processo pelo qual a criança combina entre
si os dados da experiência no sentido de construir uma nova realidade,
correspondente às suas curiosidades e necessidades.” (Rodari, 1982 apud
Vygotsky, 1972, p. 162)
Alargar horizontes é
construir pontes. Se a fruição fizer parte desta empreitada, poderemos concluir
que houve imaginação envolvida e a reelaboração é o resultado. Nada mais sério
que brincar, pois para que ocorrra esta natural atividade humana, tem de ter
havido imaginação e uma nova laitura de mundo.
Concluo afirmando depois
desta despretensiosa apresentação de Rodari, que a leitura é fruição e
possibilidades do novo, portanto brincar é um novo que “bebe” na curiosidade e
na necessidade.