TD’s e as
interações
Indiscutivelmente,
o sistema educacional abarca diferentes metodologias e variadas tecnologias,
sendo estas e aquelas, muitas vezes, díspares no que se refere aos pressupostos
pedagógicos e epistemológicos[i] em
uma mesma unidade escolar, pois os docentes tem liberdade de escolha no que se
refere aos recursos como também nos métodos empregados.
Do
mesmo modo, há desigualdades entre as escolas no aporte de recursos didáticos,
dentre estes os novos meios tecnológicos e há aquelas que não possuem tecnologia
digital, acarretando diferenças, muitas vezes no mesmo bairro, no acesso dos
estudantes às novas tecnologias digitais.
Por
exemplo, a escola na qual leciono não possui TD’s e isso acarreta dificuldades no
planejamento e no desenvolvimento das aulas, pois os estudantes são curiosos e
tem interesse em aprofundar os assuntos que são elencados por eles e também
pelo plano de aula, porém não há como explorar de forma ampliada os conteúdos
que surgem daqueles e os correlatos, restringindo o estudo aos livros didáticos
e à biblioteca.
Em
contraste com a realidade citada, a escola na qual lecionei até o ano de 2017 é
equipada com computadores que estão alocados em um Laboratório de Informática e
há horários para que as turmas pesquisem e naveguem na internet, assim como as
salas de aula possuem PC, lousa e projetor interativo, oportunizando que os
professores planejem aulas nas quais os alunos e eles mesmos, possam utilizar
estes meios para acessar informações.
De
acordo com Schlemmer (2006, p.6)
É
preciso saber identificar quais são as metodologias que nos permitem tirar o
máximo de proveito das TDs em relação ao desenvolvimento humano, ou seja, elas
precisam propiciar a constituição de redes de comunicação nas quais as
diferenças sejam respeitadas e valorizadas; os conhecimentos sejam
compartilhados e construídos cooperativamente; a aprendizagem seja entendida
como um processo ativo, construtivo, colaborativo, cooperativo e
auto-regulador.
Com
o propósito de desenvolver um trabalho de pesquisa sobre um assunto suscitado
pelos alunos, qual seja, “As baleias”, planejei um Projeto de Aprendizagem no
qual utilizaríamos todos os meios tecnológicos digitais que a escola dispunha e
como propõe Schlemmer[ii],
a escolha do PA foi para que aproveitássemos, ao máximo, os recursos digitais
disponíveis.
A pergunta geradora do PA surgiu após a leitura
de um livro no qual um golfinho morre por ter ingerido plástico. Depois de
dialogarmos sobre o risco de jogarmos os recipientes no meio ambiente sem o
devido cuidado, a conversa derivou para os animais marítimos e um dos alunos afirmou
que a aleia azul é a maior baleia que existe, sendo contrariado por um colega
que disse que seria a cachalote.
Aproveitei o interesse que o assunto proporcionou
e anotei a pergunta que ficou por ser respondida e a partir deste ponto
elaborei o projeto prevendo que cada um trouxesse de casa, escrito no caderno,
o que sabia sobre baleias e sobretudo, o tamanho de alguma espécie.
Depois de fazermos a “rodada” de apresentação do
que foi registrado em casa por eles, fomos para o Laboratório e durante os 60
minutos disponíveis, individualmente, os estudantes “navegaram” para descobrirem
as diversas baleias, os respectivos tamanhos e outras informações. Solicitei
que anotassem o que mais interessou na pesquisa e que também registrassem o
site pesquisado.
Também foram utilizados a lousa e o projetor
digital, o PC da sala de aula para ampliar as atividades de pesquisa e registro
das conclusões e dúvidas surgidas durante o trabalho.
Durante todo o desenvolvimento do Projeto foi
possível perceber que a interação entre os alunos e entre eles e eu foi sendo
qualificada, pois foi possível desenvolver um arcabouço robusto no que se
refere aos dados coletados, à ampliação das informações e conclusões a partir
destas e isso gerou diálogos e atividades fundamentadas nas situações de aprendizagens.
Conforme Schlemmer (2006, p.6)
No
entanto, para que possamos promover situações de aprendizagem ao “nativo
digital”, precisamos estabelecer com ele uma relação de parceria, de trocas de
informações, de compartilhamento do conhecimento, de ideias, de projetos.
Portanto, é fundamental nos articularmos nessa rede, constituída de espaços de
aprendizagem híbridos, representados ora por situações presenciais físicas, ora
por situações presenciais virtuais.
Em
vista disso, é possível afirmar que as TD’s são poderosas aliadas quando a
metodologia é elencada dentre aquelas que propiciam interações passíveis de
compartilhamentos e cooperação efetiva, oportunizando ampliação dos
conhecimentos.
Referências:
SCHLEMMER. Eliane. O
trabalho do professor e as novas tecnologias. O professor e o mundo da
escola. Revista Textual. 2006. Disponível em: https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/2424857/mod_resource/content/3/SCHLEMMER_O%20trabalho%20do%20professor%20e%20as%20novas%20tecnologias.pdf
Acesso: 09/05/18
________ibid., p.6