Aprender: criação e
reinvenção
“Os alunos
têm que vivenciar o conhecimento, têm que saboreá-lo, em experiências
prazerosas, associando-o a sua vida, a sua realidade. É preciso que o processo
os afete de alguma maneira, no sentido de tocar-lhes os afetos, de sensibilizá-los
para este tipo de conhecimento e da importância de se deleitar com a busca da
compreensão do mundo e de sistematização dessa produção.” (BAPTISTA, , pg. 5)
Dentre aqueles destaco a palavra poiese, defendida por Baptista
“...outro
conceito é crucial, como pressuposto, para o trabalho que realizo e que
proponho: o de autopoiese. O elemento complementar ‘poiese’ vem do grego e
significa criação.”(BAPTISTA, pg.8)
Enquanto professora enfrento o desafio
cotidiano de proporcionar aos alunos espaços para que aqueles percebam-se parte
do processo ensino-aprendizagem, através do interesse despertado pelas
interações forjadas a partir da afetividade, do respeito e da contínua
observação de como os alunos acompanham as provocações.
A
afetividade e o respeito são “alinhavos” indispensáveis para a construção do
conhecimento enquanto seres coletivos, ou seja, para a criação (poiese) de espaços internos para a
assimilação, posteriormente a acomodação e a resultante adaptação. Este
movimento desestabiliza o sujeito e o afeto o capacita a investir na
equilibração, que de acordo com Wazlawick[iv]
“...
Piaget procura apresentar o processo de aquisição de novos conhecimentos como
um processo de equilibração cognitiva que, de certa forma, obriga os seres
vivos a assimilar as informações vindas do mundo externo acomodando-as em
estruturas mentais que são forjadas justamente para refletir este mundo.”
Outro subsídio importante para refletir
sobre afetividade enquanto ferramenta humana essencial para a criação foi a
indicação da película acima citada, a qual apresenta um jovem com habilidade
acima da média para desenvolver estudos avançados na área da Matemática Aplicada,
contudo um sujeito com necessidades de interação e subsistência como qualquer
jovem da sua idade, porém o professor que o reconhece como um indivíduo com
altas habilidades em uma área, não o percebe como uma pessoa repleta de
contradições e que busca satisfazê-las com os elementos que o forjaram.
Conforme Baptista, , pg.7
“O
acionamento do desejo implica, então, em construir a partir do mundo dos
alunos. Mundo das linhas de fuga do território, das linhas de simulação e das
linhas de retorno ao território. Linhas de fuga, aqui, representam não o abandono,
mas a busca de reinvenção.”
Uma vez que o professor não acolheu “o
mundo do aluno”, tornou-se impossível o jovem adentrar o universo oferecido por
aquele, qual seja, um mundo ofertado pela Academia e Centros de Pesquisa que
não ofereciam espaço para a enação que “resulta
do movimento de aprendizagem que se produz através de uma emoção visceral.
Sentimos com as tripas, enquanto reinventamos o próprio conhecimento.” (BAPTISTA, , pg.9)
Assim como no filme, há alunos que chegam à
escola com habilidades desenvolvidas em uma área e em outras precisam ser
provocados para desenvolverem, mas antes disso é necessário convidá-los a
quererem estar juntos, estarem no ambiente escolar e isso requer amorosidade e
responsabilidade para com os sentimentos/emoções que compõe cada sujeito.
REFERÊNCIAS: