sexta-feira, 7 de dezembro de 2018


                      

                  O Outro e o que espero do mundo

É encantador observar a turma em movimento. Proponho muitos jogos, encenações, produção de textos (adoram rimas) e em todas as situações nas quais os sujeitos estão envolvidos nas elaborações e apresentações dos resultados, há percalços no que tange ao espaço ocupado, às regras estabelecidas, trocas de pares/grupos e, dos movimentos gerados a partir destas situações convido-os, primeiramente o grupo em questão e se for o caso todo o grupo,  para sentarmos sobre nosso tapete de “grandes papos”(assim denominado por eles)no qual todos podem enxergar-se e ouvir com atenção e respeito.
O Outro exerce sobre o Eu um encantamento ou estranhamento, e partindo destas iniciamos a conversa, cuidando para que todos possam expressar o que sentiram/perceberam, pois é do conjunto dos discursos que haverá uma aceitação da cena como verdadeira e desta uma modificação no comportamento.
Cabe relatar nesta oportunidade o caso da aluna à qual fiz menção no Fórum 4. A mesma tem dificuldade em ouvir, falar e interagir fisicamente com os colegas e também comigo. Demonstra distanciamento, inclusive não conseguindo brincar com os colegas em nenhuma oportunidade, a não ser quando pode, enquanto joga/brinca, contar sobre algo que está “fora dela”, ou seja, fatos que acontecerão, coisas não vividas.
De acordo com GONÇALVES (           , p.34) apud CYRULNIK ( 1997, p. 23)

“Aquele que contém os significados mais cativantes é um outro da mesma espécie. A proximidade dos congêneres cria um mundo sensorial partilhável. O outro contém em si o que mais espero. Se estivesse sozinho no mundo ele estaria vazio, mas assim que dou conta de um congênere perto de mim, portador de informações que “me falam”, o meu habitat enche-se de gritos, de cores e de posturas que criam um ambiente rico em significados enfeitiçadores, em acontecimentos extraordinários. A simples presença de um “próximo análogo” geneticamente vizinho, alarga o mundo sensorial e cria um acontecimento perceptual, um convite ao encontro.”

Enfim, o que esperamos está no Outro, porém quando não identificamos esse sujeito como igual, podemos nos perpetuar em um vazio, este lugar onde nada é criado ou reinventado, portanto sem poiese e/ou enação.[i]

REFERÊNCIAS:
GONÇALVES. Clézio. CORPOREIDADE HUMANA – UMA COMPLEXA TRAMA TRANSDISCIPLINAR  Disponível em: https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/2603902/mod_resource/content/3/Corporeidade%20-%20Uma%20complexa%20trama%20transdisciplinar.pdfAcesso em: 04/11/2018




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