O
Outro e o que espero do mundo
É encantador observar a turma em movimento.
Proponho muitos jogos, encenações, produção de textos (adoram rimas) e em todas
as situações nas quais os sujeitos estão envolvidos nas elaborações e apresentações
dos resultados, há percalços no que tange ao espaço ocupado, às regras
estabelecidas, trocas de pares/grupos e, dos movimentos gerados a partir destas
situações convido-os, primeiramente o grupo em questão e se for o caso todo o
grupo, para sentarmos sobre nosso tapete
de “grandes papos”(assim denominado por eles)no qual todos podem enxergar-se e
ouvir com atenção e respeito.
O Outro exerce sobre o Eu um encantamento
ou estranhamento, e partindo destas iniciamos a conversa, cuidando para que todos
possam expressar o que sentiram/perceberam, pois é do conjunto dos discursos
que haverá uma aceitação da cena como verdadeira e desta uma modificação no
comportamento.
Cabe relatar nesta oportunidade o caso da
aluna à qual fiz menção no Fórum 4. A mesma tem dificuldade em ouvir, falar e
interagir fisicamente com os colegas e também comigo. Demonstra distanciamento,
inclusive não conseguindo brincar com os colegas em nenhuma oportunidade, a não
ser quando pode, enquanto joga/brinca, contar sobre algo que está “fora dela”,
ou seja, fatos que acontecerão, coisas não vividas.
De acordo com GONÇALVES ( , p.34) apud CYRULNIK ( 1997, p. 23)
“Aquele
que contém os significados mais cativantes é um outro da mesma espécie. A
proximidade dos congêneres cria um mundo sensorial partilhável. O outro contém
em si o que mais espero. Se estivesse sozinho no mundo ele estaria vazio, mas
assim que dou conta de um congênere perto de mim, portador de informações que
“me falam”, o meu habitat enche-se de gritos, de cores e de posturas que criam
um ambiente rico em significados enfeitiçadores, em acontecimentos
extraordinários. A simples presença de um “próximo análogo” geneticamente
vizinho, alarga o mundo sensorial e cria um acontecimento perceptual, um
convite ao encontro.”
Enfim, o que esperamos está no Outro, porém
quando não identificamos esse sujeito como igual, podemos nos perpetuar em um
vazio, este lugar onde nada é criado ou reinventado, portanto sem poiese e/ou enação.[i]
REFERÊNCIAS:
GONÇALVES.
Clézio. CORPOREIDADE HUMANA – UMA
COMPLEXA TRAMA TRANSDISCIPLINAR Disponível
em: https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/2603902/mod_resource/content/3/Corporeidade%20-%20Uma%20complexa%20trama%20transdisciplinar.pdfAcesso em: 04/11/2018
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