sexta-feira, 7 de dezembro de 2018


                                                                        


                                           Aprender: criação e reinvenção                            


“Os alunos têm que vivenciar o conhecimento, têm que saboreá-lo, em experiências prazerosas, associando-o a sua vida, a sua realidade. É preciso que o processo os afete de alguma maneira, no sentido de tocar-lhes os afetos, de sensibilizá-los para este tipo de conhecimento e da importância de se deleitar com a busca da compreensão do mundo e de sistematização dessa produção.” (BAPTISTA,      , pg. 5)

As indicações para a troca de impressões e aprendizados foram generosas. Foram oferecidos, através do filme Gênio Indomável [i]e da leitura de Emoção e Ternura: A Arte de Ensinar[ii], subsídios potentes para discorrermos sobre a proposta do Fórum Emoção e Corporeidade[iii].
Dentre aqueles destaco a palavra poiese, defendida por Baptista

“...outro conceito é crucial, como pressuposto, para o trabalho que realizo e que proponho: o de autopoiese. O elemento complementar ‘poiese’ vem do grego e significa criação.”(BAPTISTA,       pg.8)

Enquanto professora enfrento o desafio cotidiano de proporcionar aos alunos espaços para que aqueles percebam-se parte do processo ensino-aprendizagem, através do interesse despertado pelas interações forjadas a partir da afetividade, do respeito e da contínua observação de como os alunos acompanham as provocações.
 A afetividade e o respeito são “alinhavos” indispensáveis para a construção do conhecimento enquanto seres coletivos, ou seja, para a criação (poiese) de espaços internos para a assimilação, posteriormente a acomodação e a resultante adaptação. Este movimento desestabiliza o sujeito e o afeto o capacita a investir na equilibração, que de acordo com Wazlawick[iv]

“... Piaget procura apresentar o processo de aquisição de novos conhecimentos como um processo de equilibração cognitiva que, de certa forma, obriga os seres vivos a assimilar as informações vindas do mundo externo acomodando-as em estruturas mentais que são forjadas justamente para refletir este mundo.”

Outro subsídio importante para refletir sobre afetividade enquanto ferramenta humana essencial para a criação foi a indicação da película acima citada, a qual apresenta um jovem com habilidade acima da média para desenvolver estudos avançados na área da Matemática Aplicada, contudo um sujeito com necessidades de interação e subsistência como qualquer jovem da sua idade, porém o professor que o reconhece como um indivíduo com altas habilidades em uma área, não o percebe como uma pessoa repleta de contradições e que busca satisfazê-las com os elementos que o forjaram.
Conforme Baptista,          , pg.7

“O acionamento do desejo implica, então, em construir a partir do mundo dos alunos. Mundo das linhas de fuga do território, das linhas de simulação e das linhas de retorno ao território. Linhas de fuga, aqui, representam não o abandono, mas a busca de reinvenção.”

Uma vez que o professor não acolheu “o mundo do aluno”, tornou-se impossível o jovem adentrar o universo oferecido por aquele, qual seja, um mundo ofertado pela Academia e Centros de Pesquisa que não ofereciam espaço para a enação que “resulta do movimento de aprendizagem que se produz através de uma emoção visceral. Sentimos com as tripas, enquanto reinventamos o próprio conhecimento.” (BAPTISTA,           , pg.9)
Assim como no filme, há alunos que chegam à escola com habilidades desenvolvidas em uma área e em outras precisam ser provocados para desenvolverem, mas antes disso é necessário convidá-los a quererem estar juntos, estarem no ambiente escolar e isso requer amorosidade e responsabilidade para com os sentimentos/emoções que compõe cada sujeito.


REFERÊNCIAS:
WAZLAWICK. Raul Sidnei. Agentes Autônomos e Teoria da Equilibração Cognitiva. Disponível em: http://www.labiutil.inf.ufsc.br/wazlawick0.html Acesso em: 03/11/18


  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

                                            Estudo e pesquisa: exigência docente        Ensejando a continuidade dos estudos e porvent...