Infância e
Sociedade
Sem
dúvida alguma, a infância é parte constitutiva da sociedade. Sendo parte,
forma-se no espaço e no tempo, portanto as crianças terão seu cotidiano moldado pelas decisões políticas e econômicas e estas não respeitam fronteiras, muito
menos as necessidades humanas exigidas para o pleno desenvolvimento.
Visto
que as crianças estão sujeitas aos ditames da economia e da política, cabe aos
adultos responsáveis por elas diretamente e todos os outros atores, cuidarem
para que os acordos estruturais não retirem direitos básicos para o pleno
desenvolvimento daquelas que em última instância “chegam por último” na
sociedade e precisam ser respeitadas no que tange aos cuidados básicos.
Há
pensadores debruçados sobre os temas que incidem sobre a infância. Dentre eles
figura Jens Qvortrup, sociólogo dinamarquês que defende a tese de que “categoria
geracional é aquela que define o lugar ocupado pela infância na sociedade.” (Nascimento,
2011, p.199) Posto deste modo, afirma o cientista que há “necessidade de uma
abordagem interdisciplinar para estabelecer relações entre infância, como
categoria, e as crianças, em suas vivências cotidianas.”(Qvortrup, 1993, p.
11-18) O autor quer dizer que há necessidade de contemplar no planejamento de
políticas publicas o cuidado com o bem-estar das crianças, quais sejam,
atendimento à saúde, segurança alimentar, espaços públicos que atendam a necessidade
de circulação, previsões de moradia, educação. Concentrar estudos e planejamento que incluam as
crianças é exigência para garantir a inclusão da infância como parte da
sociedade.
Em
outras palavras, citando outra vez Qvortrup, “as crianças são indiscutivelmente
parte da sociedade e do mundo e é possível e necessário conectar a infância às
forças estruturais maiores, mesmo nas análises sobre economia global.”
O
autor refere-se ao microcosmo e às macroforças, pois estas e aquele estão interligados. O nível micro é aquele no qual a
criança está inserida, qual seja, a família, escola, comunidade. Estas
instituições são impactadas pelas macroforças, quais sejam, as forças
econômicas que incidem sobre o meio ambiente, planejamento urbano, decisões
políticas.
Em
suma, a infância como categoria geracional confere à criança condição para
cidadania, porém para a efetivação deste status é necessário incluir e
recepcionar direitos inerentes ao desenvolvimento pleno para que as crianças
vivam como atores e criadores e que não sejam meros espectadores da sociedade
em constante (re)construção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário