quinta-feira, 23 de junho de 2016



                                       



                                               Apreensão do mundo


Indiscutivelmente a relação entre realidades díspares, qual seja, dos sujeitos ouvintes e surdos se apresenta logo no início do vídeo Sou Surda e não Sabia, pois há uma necessidade explícita apresentada e esta exige o aporte de lei para que a sociedade possa organizar-se e desenvolver projetos, ações, facilitadores que farão parte de um arcabouço no qual as pessoas poderão interagir tanto ouvintes quanto surdos.
Há previsões legais que foram elaboradas no intuito de promover espaços de comunicação entre surdos e ouvintes e daquelas destaco o § 2º, do Art. 22 do Decreto nº 5.626, de 22 dezembro de 2005, que regulamenta a Lei nº 10.436/2002 que prevê


As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão implementar as medidas referidas neste artigo como meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficiência auditiva o acesso à comunicação, à informação e à educação.



Porém, o que constato é que esta previsão, como tantas outras que não foram implementadas em extensão e abrangência exigidas, impactam a comunidade surda e esta se torna invisível aos olhos daqueles que deveriam acolher os sujeitos surdos.
Na película acima citada, há um trecho que permitiu a reflexão a partir daquilo que é essencial para que possamos nos  sentir parte da humanidade diversa e plural, e dentre nós há aqueles que tem no gesto a comunicação e estes tem o mesmo direito em saber-se humanos plenos de direitos. O trecho está em 37:15 e neste o  professor de uma turma bilíngue afirma que para que a criança surda possa crescer, tornar-se um adulto pleno, aquela necessita ter referências positivas à respeito de ser um sujeito surdo pleno de direitos e deveres e ele, professor, é um exemplo.
Concluo com a tese que Paulo Freire nos brindou e que muito bem exemplifica o que devemos perseguir como sociedade, qual seja, “a leitura do mundo precede a leitura da palavra” e esta verdade também acolhe o sujeito surdo em todas as dimensões, pois ele também apreende o mundo para depois encontrar na palavra o mesmo.

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