quinta-feira, 15 de outubro de 2015


                                                            "Eu vi um sonho"
                                    “Sentiu-se mal, retirou-se da projeção, foi ajudado por uma funcionária do cinema, e só adiante deu-se conta do que ocorrera: ele se lembrou de uma coisa desagradável que procurara apagar da memória,...” trecho da autobiografia de Akira Kurosawa.
                                       Aos sete anos o menino Akira descobre que pode amar a escola, os estudos e o desenho. Este foi a chave para a descoberta, pois ter seu desenho apreciado pelo professor e ainda receber a nota máxima despertou nele o desejo de permanecer em um universo até então inóspito. A lembrança desagradável já havia se instalado no inconsciente.
                                       Descobriu-se amante dos riscos e na busca pelo aperfeiçoamento do traço e do uso das cores busca inspiração nos livros. Um dia flerta com Cézanne, no outro com Van Gogh. Um dia sonha com o pintor de Vaso de Quinze Girassóis e o sonho torna-se roteiro cotidiano.
                                       Para o diretor, " mais surpreendente é a capacidade de expressão desenvolvida por nosso cérebro para dar forma aos sonhos. Quando sonha, todo homem é um gênio, é audacioso e intrépido como um gênio”.
                                      Em um "Dostoievski", O sonho de um homem ridículo (1877) ,  Akira Kurosawa entusiasma-se com a ideia desenvolvida sobre o sonho. "No conto de Dostoievski o personagem narrador diz que é ridículo desde que nasceu; que na escola, na universidade, quanto mais aprendia mais obrigado se via a reconhecer sua condição de pessoa ridícula; sabia que era ridículo mas passara a duvidar de sua condição de ridículo depois de sonhar um sonho bonito demais para ser sonhado por uma pessoa ridícula..."
                                      O menino ilustrador "viu um sonho", anotou-o e muitos outros que sonhou e deste manancial retirou cores, traços, memórias e se pôs a "contar para não esquecer"e o que contou está em Sonhos (1990), filme exibido fora da competição no Festival de Cannes no mesmo ano.






http://www.escrevercinema.com/kuorosawasonhos.htm
                                      
                                     
                                     

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