quinta-feira, 19 de outubro de 2017

                                                  Interações e inclusão

Analisar uma instituição a partir da sua localização reduz seu potencial ou potencializa o espaço ocupado?

Sem dúvida alguma, tanto pode reduzir quanto potencializar. Estas variáveis são passíveis da interferência humana e o que pode defini-las são as interações vivenciadas entre aqueles e aquelas na instituição.

Com o propósito de realizar uma leitura do coletivo da comunidade onde está inserida a escola na qual leciono, traçarei um breve perfil do bairro, elencando uma situação que retrate de maneira objetiva aquilo que desejamos como educadores e cidadãos para o sistema de ensino público, qual seja, a cidadania como premissa na elaboração dos planejamentos de ensino e aquela é forjada no devir vivenciado no território através das interações ensejadas.

A escola está inserida no bairro Cidade Baixa situada nas cercanias do Centro de Porto Alegre. O bairro, do século XIX até meados do século XX, fez “parte da história de Porto Alegre enquanto espaços associados (Areal da Baronesa[i] e Ilhota[ii]) à cultura popular expressa através dos batuques, das danças, ritmos e festas organizadas pelos segmentos negros da população. Destes dois territórios, saíram inúmeros músicos e compositores, solistas e jogadores de futebol que ficaram nacionalmente conhecidos, como Lupicínio Rodrigues e o jogador de futebol Tesourinha.[iii]

Em decorrência do arcabouço cultural forjado nos séculos XIX e XX, o bairro mantém a cultura popular através de iniciativas forjadas por diferentes entidades e pela comunidade local, portanto a escola faz parte de um território que enseja diversas atividades culturais que possibilitam a inclusão de alunos e alunas que habitam nas proximidades.

De acordo com Missio & Cunha apud Pérez Gómes (2001)

(...) o objetivo de toda prática educativa – facilitar a reconstrução do conhecimento experiencial do aluno – não pode se entender nem se desenvolver sem o respeito à diversidade, às diferenças individuais que determinem o sentido, o ritmo e a qualidade de cada um dos processos de aprendizagem e desenvolvimento. (Pérez Gómez, 2001, p.67)

Entretanto, o planejamento pedagógico da escola em questão não prevê ações capazes de incorporar o cabedal elaborado pelos estudantes pertencentes às diversas comunidades que pertencem ao bairro, portanto as interações resultantes não contribuem para o aprimoramento da cidadania, que em última instância é o objetivo principal a ser atingido quando pensamos um sistema educacional.

Referências:





[i] https://www.sul21.com.br/jornal/prefeitura-entrega-areal-da-baronesa-a-comunidade-quilombola/
[ii] http://www.nonada.com.br/2015/06/ilhota-o-bairro-com-enchentes-de-contos/
[iii]http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/observatorio/usu_doc/historia_dos_bairros_de_porto_alegre.pdf

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