Interações e inclusão
Analisar uma instituição a partir da
sua localização reduz seu potencial ou potencializa o espaço ocupado?
Sem dúvida alguma, tanto pode reduzir
quanto potencializar. Estas variáveis são passíveis da interferência humana e o
que pode defini-las são as interações vivenciadas entre aqueles e aquelas na
instituição.
Com o propósito de realizar uma
leitura do coletivo da comunidade onde está inserida a escola na qual leciono,
traçarei um breve perfil do bairro, elencando uma situação que retrate de
maneira objetiva aquilo que desejamos como educadores e cidadãos para o sistema
de ensino público, qual seja, a cidadania como premissa na elaboração dos
planejamentos de ensino e aquela é forjada no devir vivenciado no território
através das interações ensejadas.
A escola está inserida no bairro Cidade
Baixa situada nas cercanias do Centro de Porto Alegre. O bairro, do século XIX
até meados do século XX, fez “parte da história de Porto Alegre enquanto
espaços associados (Areal da Baronesa[i]
e Ilhota[ii])
à cultura popular expressa através dos batuques, das danças, ritmos e festas
organizadas pelos segmentos negros da população. Destes dois territórios,
saíram inúmeros músicos e compositores, solistas e jogadores de futebol que
ficaram nacionalmente conhecidos, como Lupicínio Rodrigues e o jogador de futebol Tesourinha.[iii]
Em decorrência do arcabouço cultural
forjado nos séculos XIX e XX, o bairro mantém a cultura popular através de
iniciativas forjadas por diferentes entidades e pela comunidade local, portanto
a escola faz parte de um território que enseja diversas atividades culturais
que possibilitam a inclusão de alunos e alunas que habitam nas proximidades.
De acordo com Missio & Cunha apud Pérez Gómes (2001)
(...) o objetivo de
toda prática educativa – facilitar a reconstrução do conhecimento experiencial
do aluno – não pode se entender nem se desenvolver sem o respeito à
diversidade, às diferenças individuais que determinem o sentido, o ritmo e a
qualidade de cada um dos processos de aprendizagem e desenvolvimento. (Pérez
Gómez, 2001, p.67)
Entretanto, o planejamento pedagógico
da escola em questão não prevê ações capazes de incorporar o cabedal elaborado
pelos estudantes pertencentes às diversas comunidades que pertencem ao bairro,
portanto as interações resultantes não contribuem para o aprimoramento da
cidadania, que em última instância é o objetivo principal a ser atingido quando
pensamos um sistema educacional.
Referências:
CUNHA et al. Um olhar sobre a Educação no século XXI.
Disponível em: https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/2072607/mod_resource/content/1/Um%20olhar%20sobre%20a%20educa%C3%A7%C3%A3o%20moderna%20no%20s%C3%A9culo%20XXI.pdf Acesso: 18/10/17
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