domingo, 3 de julho de 2016



                            

                                    Narrativas corporais 

Inicialmente deixo o registro da satisfação em assistir a contação da história Caçador, feita por Augusto Schallenberger.  As expressões faciais e corporais acrescentam muito ao enredo, aliás, o que dinamiza o texto é a expressão, assim como na língua oral a entonação oferece o mesmo.
Desde o início percebi o quanto é difícil para quem não conhece LIBRAS acompanhar a história. Consegui identificar os sinais icônicos como arma, avião, cavalo, frio, boné, porém aos poucos fui cansando ao tentar entender  perdendo o fio condutor da narrativa.
No que se refere aos personagens, apreciei a maneira como o sujeito surdo foi apresentado. De maneira realista mostraram a dificuldade do ouvinte em conviver com aquele, em função de não saber comunicar-se. Na sequência a necessidade aproxima os sujeitos surdo e ouvinte e a interação acontece, demonstrando para o ouvinte que é possível através de outros sentidos, especificamente neste caso a visão aliada à atenção, proporcionar ao sujeito surdo a capacidade de caçar.
Devido à ignorância dos personagens no que se refere à capacidade do sujeito surdo de caçar, um daqueles faz troça do grupo que vai ser guiado pelo surdo dizendo que eles não conseguiriam caçar nada.
Porém, todos  que não acreditavam na capacidade do sujeito surdo em ter  êxito como caçador, foram surpreendidos com a bela caçada realizada por aquele e no outro dia estavam curiosos em conhecer a técnica.
Concluo, assim como iniciei este relato, satisfeita. Dentre as razões, aprender novos sinais icônicos e arbitrários, assistir uma história de outra maneira, perceber que podemos incrementar nossas narrativas quando contamos aos ouvintes, utilizando mais nosso corpo e face, pois foi muito bom ir unindo gestos e expressões.
Segundo Karnopp (2010, p. 165) apud Silveira (2002, p.20) nenhuma  linguagem  é  neutra,  nenhuma  linguagem  ‘brota  da  natureza’...   Ela é  marcada   pelas   contingências pragmáticas,   pelas   práticas  dos  sujeitos  que  a  criam  e  recriam  continuamente.
Referências:
KARNOPP. Lodenir Becker. Produções culturais de surdos: 
análise da literatura surda Cadernos de Educação
 FaE/PPGE/UFPel | Pelotas [36]155174,maio/agosto 2010 Disponível em https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/caduc/article/view/1605/1488 Acesso em: 03/07/16


Nenhum comentário:

Postar um comentário

                                            Estudo e pesquisa: exigência docente        Ensejando a continuidade dos estudos e porvent...