Memória como ruptura
A memória não é a melhor aliada para traçar um panorama no qual me insiro como estudante dos primeiros anos da escolarização formal. Talvez aquela tenha sido sabotada pela experiência negativa relativa aos exercícios primários no que se refere à representação artística possibilitada no ambiente escolar.
A conclusão que encerra a escrita para o blog intitulada Memória e experiência: historicidade publicada em 28/11/2017, não coincide com a lembrança que ensejou a que agora gravo, qual seja, "A conclusão à respeito do trabalho desenvolvido é que os indivíduos se interessam por rememorar a partir do lúdico, como no caso relatado acima e que é possível encurtar o tempo a ponto de localizar no presente memórias do passado e estas serem o fio condutor para outros diálogos que estabelecem pertencimento."
Lembro de uma experiência, talvez essa seja a chave que bloqueou o caminho que as lembranças poderiam perfazer, na qual nós, estudantes, deveríamos desenhar um caju, exposto em um prato. Durante um bom período, a memória aponta como eterno, tentei esboçar, traçar as linhas que pudessem representar o objeto, porém recordo da borracha apagando diversas vezes o esboço, até que o papel ficou borrado, a ponto de não conseguir prosseguir, em função de sentir que não seria capaz.
Enquanto fazia o exercício, não houve por parte do professor nenhuma aproximação e, como fui um sujeito tímido, fiquei sem a mediação necessária para diminuir a frustação resultante deste exercício
.
Já no ensino médio, o contato com o desenho retornou novamente como uma atividade marcante, também pelo viés do desencanto, pois o professor solicitou que fizéssemos um desenho em perspectiva, sem haver trabalhado noções básicas para tal traçado.
Por outro lado, havia em casa duas enciclopédias, nas quais pesquisei iluminuras, quadros de artistas consagrados, retratos e todos estes eram de uma beleza que despertaram o desejo de conhecer outras obras.
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