sexta-feira, 14 de dezembro de 2018




Espaço e forma: experimentando para descobrir

Sem dúvida, assim como a Alfabetização no que tange à grafia, ao fonema, ao letramento, à construção do número e suas aplicações, através da lógica, também é necessário que planejemos situações para que a criança, a partir do seu corpo, vivencie o espaço e as formas para ter competência de representar os mesmos.
Consoante Montoito et all apud Piaget, 2012, p. 23

a criança constrói seu conhecimento por meio de uma experimentação ativa, ou seja, experienciando os objetos sem formar conceitos sobre estes, pois isto só ocorrerá mais tarde. Por meio da experiência física, a criança conhece os objetos conforme os vai manipulando, o que a leva a descobrir propriedades materiais que podem ser notadas através da observação e do tato.

Trabalhar estes conceitos exige que iniciemos a partir de atividades nas  quais o espaço aberto esteja presente, após explorar o corpo em movimento junto aos colegas na sala de aula.
Como também montar com os alunos um acervo com diferentes recipientes, caixas, esferas, cones em diferentes materiais e com estes explorar planificando-os, remontando-os, construindo maquetes nas quais eles poderão inserir trajetos, como por exemplo a escola e o entorno. A rua lateral onde esperam o transporte escolar ou a frente da escola onde os familiares os aguardam.
O corpo em movimento no espaço, visualizando e manipulando formas. 

Referências:
MONTOITO. Rafael; LEIVAS. José Carlos Pinto. VIDYA, v. 32, n. 2, p.21-35, jul./dez., 2012 - Santa Maria, 2012. ISSN 0104-270 X. Disponível em: file:///C:/Users/Mara/Downloads/271-866-1-PB.pdf Acesso em: 15/12/18


quarta-feira, 12 de dezembro de 2018




Mediando a palavra no mundo com o Outro

“[...] Para mim, seria impossível engajar-me num trabalho de memorização ,mecânica dos ba-be-bi-bo-bu, dos la-le-li-lo-lu. Daí que também não pudesse reduzir a alfabetização ao ensino puro da palavra, das sílabas ou das letras. Ensino no qual o alfabetizador fosse “enchendo” com suas palavras as cabeças supostamente “vazias” dos alfabetizandos. [...]” (Hara, 1992 apud Freire)


         Sem dúvida alguma, ao nos declinarmos sobre assunto tão instigante quanto crítico como é a alfabetização, é inescapável fundarmos nossas reflexões e ações sobre os pilares engendrados por aquelas e aqueles que assumiram que este é o ponto de partida para todas e todos que trilham a caminhada pela sociedade grafocêntrica, fundada sobre alicerces robustos, porém fragilizados pela ausência de muitos daqueles e daquelas que não estão inseridos naquela por não serem alfabetizados ou letrados.
De fato estamos sob uma “dicotomia gerada”, qual seja alfabetizado X letrado, pela ausência de debates robustos por aqueles e aquelas que atuam como profissionais da Educação, especificamente os docentes no que tange à aquisição da leitura e da escrita, quais as nuances encontradas nas diferentes realidades e as particularidades identificadas de acordo com as vivências de cada sujeito que chega ao sistema educacional.
Pode-se dizer que há dicotomia entre alfabetização e letramento quando não compreendemos que ao adquirir competência para utilizar como ferramenta de comunicação e interação, a leitura e a escrita nos mais variados ambientes e situações, o sujeito é capaz de decodificar, produzir e agir sobre/no ambiente e com seus pares, portanto “acrescentando a ela (realidade) algo que ele mesmo é fazedor.” (HARA, 1992 apud FREIRE)
Consoante Hara (1992) apud Freire

“[...] entende alfabetização como um ato de conhecimento, no qual “ aprender a ler e a escrever já não é, pois, memorizar sílabas, palavras ou frases, mas
refletir criticamente sobre o próprio processo  de ler e escrever  e sobre o profundo significado da linguagem.”

   De acordo Cury (2000, p.3) apud Soares (1998, p.19)

“[...] define que letramento é resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler ou escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita [...]”


De tal forma que, o sujeito é alfabetizado quando reflete sobre o que lê e escreve de maneira crítica, como também é letrado como quando se apropria da leitura como também da escrita, portanto letramento e alfabetização são complementares e não opostos, e somente serão se @s educador@s não forem mediador@s entre o conhecimento construído e as vivências que serão ferramentas na aquisição da linguagem, que é veículo do pensamento.
Em sala de aula é comum a presença de alun@s que não leem o que escrevem, o fazem de maneira mecânica. As solicitações para que leiam um enunciado vem acompanhada de “não entendi”, quando o que acontece é a incompreensão da escrita como um meio de comunicação.
Esta situação é rica para aquel@s que trabalham com os Anos Iniciais do Ensino Fundamental, pois é possível utilizar jogos, brincadeiras, diferentes gêneros textuais para tornar lúdicas as atividades e poder ir inferindo sobre os aspectos que contribuem para que as crianças não percebam que a escrita é a grafia do pensamento, uma das linguagens possíveis para que o Outro possa acessar o que pensam/elaboram.
Na Interdisciplina Didática, Planejamento e Avaliação fizemos uma viagem na história da Educação e no caminho encontramos Comênio[i], o pai da didática, definida como a Arte de ensinar. No compêndio Didática Magna, Comênio assevera que é possível ensinar e aprender sem enfado, com prazer e que “os fundamentos de todas as coisas que se aconselham são tirados da própria natureza das coisas”(COMÉNIO, 1995, p.525) E desta forma tenho planejado o cotidiano com a turma, avaliando e reescrevendo os projetos e planejamentos.
Utilizo as rimas, parlendas, lenga-lengas, cédulas, materiais concretos, saídas de campo e outros recursos para ir dialogando sobre as observações, aplicações possíveis com aquilo que manuseiam e solicito que anotem, escrevam um recado para os familiares, um bilhete para a Diretora, façam um final diferente, uma nova rima e assim os indivíduos vão grafando e refletindo, falando e criticando a sua produção e refazendo conforme encontram algo que não compreendem ou percebem que está incompleto.

      Enquanto indivíduo em uma sociedade grafocêntrica é imperativo que a palavra escrita e falada tenha significado e este é parte integrante da palavra, pertencendo ao domínio da linguagem e ao domínio do pensamento, pois uma palavra sem significado é um som vazio. (SILVA, 2010 apud VYGOTSKY, 2005)
  A Interdisciplina Educação de Jovens e Adultos no Brasil oportunizou que refletíssemos sobre as peculiaridades vivenciadas por aqueles sujeitos excluídos das diferentes formas de expressão, cidadania e mercado de trabalho por serem analfabetos ou iletrados e quais as possibilidades de reinserção daquelas ao protagonismo e autonomia.
 Fomos provocadas para a reflexão-ação pela Interdisciplina citada, a partir das leituras e da prática de observação em salas de aula da EJA e deste laboratório foi possível compreender o quanto a linguagem é ferramenta potente do pensamento.
Para compreender como o humano adquire a linguagem, esta que é instrumento do pensamento e equaliza homens e mulheres como seres grafocêntricos, aprofundamos os estudos realizados por teóricos como Skinner, Chomsky, Vygotsky e outros na Interdisciplina Linguagem e Educação e inspiradas naqueles elaboramos um planejamento de aula para ser aplicado em nossas turmas e este deveria ter como objetivo principal o desenvolvimento da linguagem.
As possibilidades que se apresentam ao elaborarmos um instrumento, no qual prevemos estratégias e avaliação são inúmeras, entre aquelas a pesquisa de  diferentes estratégias e  recursos.
A necessidade em inovar exige que tenhamos em vista o que queremos e enquanto educadora pretendo oferecer oportunidades para que os educandos possam agir sobre o ambiente e interajam com o/s Outro/os. Para tanto, inovar pedagogicamente requer uma ruptura necessária que permita reconfigurar o conhecimento para além das regularidades propostas pela modernidade (CUNHA, 2004)
Efetivamente a Interdisciplina Educação e Tecnologias da Comunicação e Informação propôs diferentes atividades nas quais tivemos de utilizar recursos em diferentes plataformas, pesquisas e avaliações e consequentemente fomos além das regularidades até então praticadas como docentes.
Ao inovarmos é inevitável a reflexão sobre modelos pedagógicos e modelos epistemológicos, que são diferentes modos de ensinar/aprender e a resultante destes é o imperativo para selecionarmos quais recursos e estratégias se adequam àqueles.
Sobre os modelos pedagógicos e epistemológicos fomos provocadas pela Interdisciplina Seminário Integrador à descrição de uma Cena na qual uma escola abarcava os diferentes modelos pedagógicos e epistemológicos, definidos por Fernando Becker (1995) como pedagogia diretiva, pedagogia não-diretiva e, talvez criando um novo termo, pedagogia relacional.
A atividade instigou à reflexão da minha prática docente, das condições nas quais fiz a formação como “Normalista[ii]”, que recursos, estratégias utilizo para sensibilizar @s educand@s,  no que tange à curiosidade, pesquisa, interesse e percebi que é comum planejar uma aula com referencial na Pedagogia Relacional, porém me deparo com encaminhamentos da Diretiva, pois assim fui formada para o oficio, e na condição de graduanda PEAD tenho sido motivada para continuar aprofundando as pesquisas, elaborações, a formação de rede entre os pares e destes arranjos ir desenvolvendo as competências para planejar e atuar dentro dos parâmetros da Pedagogia Relacional.



Referências:

BECKER, Fernando. Modelos pedagógicos e modelos epistemológicos. Educação e Realidade, Porto Alegre, p.89-96, 01 jun. 1994. Semestral. 19(1). Disponível em: <https://pt.scribd.com/document/260250772/BECKER-Fernando-Modelos-pedagogicos-e-modelos-epistemologicos-2-pdf>. Acesso em: 10 abr. 2018.

COMÉNIO, João Amós. Didácta Magna: tratado da arte de ensinar tudo a todos. 4. Ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996. 525 p. Disponível em: https://moodle.ufrgs.br/course/view.php?id=51541 Acesso em: 12/08/2018

CUNHA, M. I. Inovações pedagógicas e a reconfiguração de saberes no ensinar e no aprender na universidade. Anais ... VIII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais. Coimbra, Portugal, 2004, p.1-16. Disponível em: <https://www.ces.uc.pt/lab2004/pdfs/MAriaIsabelCunha.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2018.

HARA, Regina. Alfabetização de Adultos: Ainda um Desafio. Cedi - Centro Ecumênico de Documentação e Informação, São Paulo, p.26-34, 1988. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.abong.org.br/bitstream/handle/11465/1685/19.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 01 out. 1988.

______Id. Ibid.


PARECER CNE/CEB 11/2000 HOMOLOGADO: Parecer Conselho Nacional de Educação. 11. ed. Brasília, BRASÍLIA: Mec, 19 maio 2000. Parecer. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/pceb011_00.pdf>. Acesso em: 10 maio 2000.

SILVA, Samanta Demétrio da. Aquisição da Linguagem. Webartigos, Porto Alegre, p.01-12, 2010. Disponível em: <https://www.webartigos.com/artigos/aquisicao-da-linguagem/43208>. Acesso em: 22 jul. 2010.




[i] https://www.cartacapital.com.br/educacao/carta-fundamental-arquivo/o-pai-da-didatica
[ii] https://www.dicio.com.br/normalista/

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018


                     

                        Interação e Aprendizagem

Como os seres humanos produzem as suas próprias condições de existência a partir da corporeidade?
Através do corpo os sujeitos interagem no mundo e das experimentações registradas a partir dos sentidos em direção ao sistema nervoso central, “confirmará ou induzirá a formação de conexões nervosas e, portanto, a aprendizagem ou o aparecimento de novos comportamentos que delas decorrem.” (COSENZA; GUERRA, 2011, p. 34)
Portanto, a produção de condições de existência tem como fundamento tudo que nos sensibiliza, as interações com o ambiente e com o Outro.

Referência:
COSENZA. Ramon M, GUERRA. Leonor B. Neurociência e educação: como o cérebro aprende; Um universo em mutação. Porto Alegre: Artmed, 2011



        


     CORPOREIDADE NA SOCIEDADE MODERNA E PÓS MODERNA

 “As neurociências são ciências naturais que estudam princípios que descrevem a estrutura e o funcionamento neurais, buscando a compreensão dos fenômenos observados. A educação tem outra natureza e finalidades, como a criação de condições para o desenvolvimento de competências pelo aprendiz em um contexto particular. Ela não é regulada apenas por leis físicas ou biológicas, mas também por aspectos humanos que incluem, entre outras, a sala de aula, a dinâmica do ensino-aprendizagem, a família, a comunidade e as políticas públicas.
Descobertas em neurociências não autorizam a aplicação direta e imediata no contexto escolar, pois é preciso lembrar que o conhecimento neurocientífico contribui com apenas parte do contexto em que ocorre a aprendizagem.  Embora ele seja muito importante, é mais um fator em uma conjuntura cultural bem mais ampla.” (COSENZA; GUERRA, 2011, p.143)

O desenvolvimento das potencialidades humanas deriva de vários fatores, como os citados no excerto acima e toda e qualquer atividade humana irá incidir sobre a percepção corporal e esta impulsiona as ligações  entre neurônios. As limitações momentâneas diante das exigências, solicitações advindas da escolha dos métodos, materiais, disposição do mobiliário, oferta de diversas estratégias terão papel fundamental para que o indivíduo possa construir possibilidades de estar com/no e, ao elaborar estratégias para compreender, realizar, inferir, junto aos pares e ao professor estará oportunizando ao sistema nervoso uma série de “fazer e desfazer ligações entre os neurônios como consequência das interações constantes com o ambiente externo e interno” (COSENZA; GUERRA, 2011, p. 36)




Referências:
COSENZA. Ramon M, GUERRA. Leonor B. Neurociência e educação: como o cérebro aprende; O diálogo desejável. Porto Alegre: Artmed, 2011
ibid., p. 36



                                                                        


                                           Aprender: criação e reinvenção                            


“Os alunos têm que vivenciar o conhecimento, têm que saboreá-lo, em experiências prazerosas, associando-o a sua vida, a sua realidade. É preciso que o processo os afete de alguma maneira, no sentido de tocar-lhes os afetos, de sensibilizá-los para este tipo de conhecimento e da importância de se deleitar com a busca da compreensão do mundo e de sistematização dessa produção.” (BAPTISTA,      , pg. 5)

As indicações para a troca de impressões e aprendizados foram generosas. Foram oferecidos, através do filme Gênio Indomável [i]e da leitura de Emoção e Ternura: A Arte de Ensinar[ii], subsídios potentes para discorrermos sobre a proposta do Fórum Emoção e Corporeidade[iii].
Dentre aqueles destaco a palavra poiese, defendida por Baptista

“...outro conceito é crucial, como pressuposto, para o trabalho que realizo e que proponho: o de autopoiese. O elemento complementar ‘poiese’ vem do grego e significa criação.”(BAPTISTA,       pg.8)

Enquanto professora enfrento o desafio cotidiano de proporcionar aos alunos espaços para que aqueles percebam-se parte do processo ensino-aprendizagem, através do interesse despertado pelas interações forjadas a partir da afetividade, do respeito e da contínua observação de como os alunos acompanham as provocações.
 A afetividade e o respeito são “alinhavos” indispensáveis para a construção do conhecimento enquanto seres coletivos, ou seja, para a criação (poiese) de espaços internos para a assimilação, posteriormente a acomodação e a resultante adaptação. Este movimento desestabiliza o sujeito e o afeto o capacita a investir na equilibração, que de acordo com Wazlawick[iv]

“... Piaget procura apresentar o processo de aquisição de novos conhecimentos como um processo de equilibração cognitiva que, de certa forma, obriga os seres vivos a assimilar as informações vindas do mundo externo acomodando-as em estruturas mentais que são forjadas justamente para refletir este mundo.”

Outro subsídio importante para refletir sobre afetividade enquanto ferramenta humana essencial para a criação foi a indicação da película acima citada, a qual apresenta um jovem com habilidade acima da média para desenvolver estudos avançados na área da Matemática Aplicada, contudo um sujeito com necessidades de interação e subsistência como qualquer jovem da sua idade, porém o professor que o reconhece como um indivíduo com altas habilidades em uma área, não o percebe como uma pessoa repleta de contradições e que busca satisfazê-las com os elementos que o forjaram.
Conforme Baptista,          , pg.7

“O acionamento do desejo implica, então, em construir a partir do mundo dos alunos. Mundo das linhas de fuga do território, das linhas de simulação e das linhas de retorno ao território. Linhas de fuga, aqui, representam não o abandono, mas a busca de reinvenção.”

Uma vez que o professor não acolheu “o mundo do aluno”, tornou-se impossível o jovem adentrar o universo oferecido por aquele, qual seja, um mundo ofertado pela Academia e Centros de Pesquisa que não ofereciam espaço para a enação que “resulta do movimento de aprendizagem que se produz através de uma emoção visceral. Sentimos com as tripas, enquanto reinventamos o próprio conhecimento.” (BAPTISTA,           , pg.9)
Assim como no filme, há alunos que chegam à escola com habilidades desenvolvidas em uma área e em outras precisam ser provocados para desenvolverem, mas antes disso é necessário convidá-los a quererem estar juntos, estarem no ambiente escolar e isso requer amorosidade e responsabilidade para com os sentimentos/emoções que compõe cada sujeito.


REFERÊNCIAS:
WAZLAWICK. Raul Sidnei. Agentes Autônomos e Teoria da Equilibração Cognitiva. Disponível em: http://www.labiutil.inf.ufsc.br/wazlawick0.html Acesso em: 03/11/18


  


                      

                  O Outro e o que espero do mundo

É encantador observar a turma em movimento. Proponho muitos jogos, encenações, produção de textos (adoram rimas) e em todas as situações nas quais os sujeitos estão envolvidos nas elaborações e apresentações dos resultados, há percalços no que tange ao espaço ocupado, às regras estabelecidas, trocas de pares/grupos e, dos movimentos gerados a partir destas situações convido-os, primeiramente o grupo em questão e se for o caso todo o grupo,  para sentarmos sobre nosso tapete de “grandes papos”(assim denominado por eles)no qual todos podem enxergar-se e ouvir com atenção e respeito.
O Outro exerce sobre o Eu um encantamento ou estranhamento, e partindo destas iniciamos a conversa, cuidando para que todos possam expressar o que sentiram/perceberam, pois é do conjunto dos discursos que haverá uma aceitação da cena como verdadeira e desta uma modificação no comportamento.
Cabe relatar nesta oportunidade o caso da aluna à qual fiz menção no Fórum 4. A mesma tem dificuldade em ouvir, falar e interagir fisicamente com os colegas e também comigo. Demonstra distanciamento, inclusive não conseguindo brincar com os colegas em nenhuma oportunidade, a não ser quando pode, enquanto joga/brinca, contar sobre algo que está “fora dela”, ou seja, fatos que acontecerão, coisas não vividas.
De acordo com GONÇALVES (           , p.34) apud CYRULNIK ( 1997, p. 23)

“Aquele que contém os significados mais cativantes é um outro da mesma espécie. A proximidade dos congêneres cria um mundo sensorial partilhável. O outro contém em si o que mais espero. Se estivesse sozinho no mundo ele estaria vazio, mas assim que dou conta de um congênere perto de mim, portador de informações que “me falam”, o meu habitat enche-se de gritos, de cores e de posturas que criam um ambiente rico em significados enfeitiçadores, em acontecimentos extraordinários. A simples presença de um “próximo análogo” geneticamente vizinho, alarga o mundo sensorial e cria um acontecimento perceptual, um convite ao encontro.”

Enfim, o que esperamos está no Outro, porém quando não identificamos esse sujeito como igual, podemos nos perpetuar em um vazio, este lugar onde nada é criado ou reinventado, portanto sem poiese e/ou enação.[i]

REFERÊNCIAS:
GONÇALVES. Clézio. CORPOREIDADE HUMANA – UMA COMPLEXA TRAMA TRANSDISCIPLINAR  Disponível em: https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/2603902/mod_resource/content/3/Corporeidade%20-%20Uma%20complexa%20trama%20transdisciplinar.pdfAcesso em: 04/11/2018




quarta-feira, 13 de junho de 2018


                    Estrangeiro, e daí?

Interessante o convite para assistirmos o filme Entre os muros da escola[i], do diretor Laurent Cantet, drama francês, que sem dúvida alguma discorre sobre uma situação conhecida por todas e todos que tem como ofício a docência, seja na França, no Brasil ou Burundi.
As interações humanas são repletas de dilemas e estes tem origem na alteridade e o que possibilita a convivência são os acordos possíveis para que se estabeleça a urbanidade necessária para que haja possibilidade de ampliar conhecimentos sobre diversas áreas.
O filme declara com imagens e diálogos robustos que não há a primazia do diálogo, da construção de acordos, regramentos possíveis de serem cumpridos entre professores, coordenação e alunos e estes são estigmatizados pela exclusão fomentada no preconceito pelo diferente, neste caso, os estrangeiros.
Qual o papel do professor em uma classe com perfil tão heterogêneo? Como proceder para conseguir motivar alunos derrotados pela falta de perspectiva imposta pela sociedade excludente?
A exigência sobre “ombros” do docente é enorme, porém enquanto profissional deste ofício há que se ter em mente que é esta a realidade, seja em que sociedade for, pois independente da cultura sempre existirão dilemas decorrentes das relações humanas e dos sistemas econômico e político.
Portanto, há que se assumir desde o início da formação docente a postura daquele que terá diante de si diferentes personalidades e estas são oriundas de realidades diversas e esta situação exigirá uma constante formação, tanto no específico quanto nas áreas que se debruçam sobre as ciências humanas.
De acordo com Prado et all apud Freire (2013)

 “é preciso que o formando, desde o princípio da sua experiência formadora, se assuma como um sujeito da produção do saber, se convença definitivamente de que ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”.


Referências:

COUTINHO. Jecilene Barreto; PRADO. Alcindo Ferreira; REIS. Osvaldineide Pereira de Oliveira; VILLALBA. Osvaldo Arsenio. Ser professor na contemporaneidade: desafios da profissão Disponível em: https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/2072649/mod_resource/content/1/Ser%20professor%20na%20contemporaneidade%20desafios%20da%20profiss%C3%A3o.pdf Acesso em: 17/01/18


[i] https://www.youtube.com/watch?v=rBXlPg7nj-Y

segunda-feira, 11 de junho de 2018


                                    Palavras geradoras

“Fui alfabetizado no chão do quintal de minha casa, à sombra das mangueiras, com palavras do meu mundo e não do mundo maior dos meus pais.” Paulo Freire[i]

Esta É a importância contida na palavra geradora, qual seja, as palavras que são “gestadas” no mundo do sujeito são  mote para as aprendizagens que capacitarão aquele para estar ativamente no mundo.
Diante desta afirmativa, é inescapável afirmar que as práticas pedagógicas não podem prescindir da palavra que é fundamentada na ação do indivíduo sobre o meio, nas interações cotidianas mediadas pela palavra-ação, resultando em novas visões de mundo e, portanto parindo um sujeito capaz de compreender e empreender, mediar e sustentar o verbo.
 Frei Betto declara em [ii]Paulo Freire: a leitura do mundo

"Ivo viu a uva", ensinavam os manuais de alfabetização. Mas, o professor Paulo Freire, com seu método de alfabetizar conscientizando, fez adultos e crianças, no Brasil e na Guiné Bissau, na Índia e na Nicarágua, descobrirem que Ivo não viu apenas a uva com os olhos. Viu também com a mente e se perguntou se a uva é natureza ou cultura.

Portanto, as palavras geradoras são fundamentos da pedagogia “da educação libertadora”, esta elaborada por Paulo Freire, que “ensinou a Ivo que a leitura de um texto é tanto melhor compreendida quanto mais se insere o texto no contexto que Ivo extrai o pretexto para agir.”(Frei Betto)[iii]

  




[i] A importância do ato de ler. 29a. ed. São Paulo: Cortez, 1994, p.12-15. Disponível em : https://moodle.ufrgs.br/course/view.php?id=51541 Acesso: 11/06/18
[ii] : http://portal.mec.gov. br/seb/arquivos/pdf/Profa/col_3.pdf, acesso em 01/12/2007.
[iii] https://moodle.ufrgs.br/course/view.php?id=51541

domingo, 10 de junho de 2018


                 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

            CURSO DE GRADUAÇÃO: LICENCIATURA EM PEDAGOGIA      
                           MODALIDADE A DISTÂNCIA EIXO VII

 INTERDISCIPLINA: Didática, Planejamento e Avaliação
 PROFESSORES: Johannes Doll, Crediné de Menezes, Tania Marques e Simone Bicca
TUTORA: Giselda Correa
ALUNAS: Angela Nunes e Mara Regina Barcellos da Cunha

Turma: 3º Ano
 Faixa etária envolvida: 8 a 11 anos
Componentes Curriculares: Ciências Humanas, Linguagem, Ciências da Natureza
Período: 20h (uma semana)
Objetivos:
*     Enumerar os itens que constam na capa do livro (título, autor, ilustrador, editora)
*     Depreender o que acontece na história a partir da ilustração da capa
*     Identificar o personagem principal da história lida pela professora
*     Listar nomes com J inicial
*     Nomear e listar o lixo recolhido no pátio da Escola
*     Escrever um bilhete
*     Ordenar alfabeticamente as palavras listadas após a coleta de lixo e os nomes com J
*     Diferenciar os materiais dos quais são fabricados os lixos encontrados no pátio e classificá-los (plástico, metal, papel)
*     Coletar recipientes descartados em casa
*     Separar os recipientes coletados por tipo de material
*     Colocar em ordem alfabética os recipientes
*     Descrever oralmente a paisagem observada no passeio-de-campo (passeio pelo pátio da Escola) e elencar as possibilidades de que o lixo encontrado possa poluir o Rio Guaíba (a Escola se localiza às margens do Rio Guaíba, no bairro Belém Novo)
*     Localizar no Mapa-múndi Oceanos, Rios, Lagos, a partir da informação de que a cor azul foi convencionada como a cor da água naquele suporte
*     Resolver história matemática do campo aditivo
*     Estimar quantidade
*     Comparar quantidades
*     Montar uma paisagem no formato de painel com motivo aquático, tendo os golfinhos como objeto central através de colagem, pintura e recorte
*     Elaborar objetos, brinquedos a partir dos recipientes coletados em casa
*     Escrever uma frase, contando para um leitor o que foi elaborado a partir do recipiente escolhido e descrever como aquele foi construído


Conteúdos:

*     Interpretação
*     Identificação
*     Produção de texto: lista, bilhete, descrição, frase
*     Ordem Alfabética
*     Tipos de materiais
*     Paisagem e poluição
*     Lixo

*     Localização da parte ocupada pela água no Planeta Terra
*     História matemática (campo aditivo)
*     Estimativa
*     Comparação
*     Sequência numérica
*     Montagem de um painel
Procedimento:
1º Dia
O desenvolvimento terá como mote a leitura do livro A Quarta-feira de Jonas[i], que marra a história de um menino apaixonado por histórias em quadrinhos que recebe todas as quartas-feiras, um pacote de revistas e este é entregue pelos Correios. Ao receber um dos pacotes, Jonas, apressado para entrar e ler uma das histórias abre o pacote plástico e joga-o no chão e entra em casa.
O pacote vai sendo deslocado, pela ação do vento, da chuva até chegar ao esgoto e deste percorrendo os caminhos naturais acaba sendo lançado ao mar onde reside a família de golfinhos que Jonas conhece desde pequenininho.
Dentre os membros desta família há o Júnior, o golfinho menor que ingere o plástico que Jonas arremessou ao chão após ter recebido o pacote de revistas.
A história segue com o desfecho aguardado, qual seja, Jonas fica muito triste ao perceber que a família de golfinhos não aparece mais na orla, de onde podiam ser avistados por ele e seu pai todos os domingos.
E para surpresa das crianças, a autora escreve um segundo final para a história oferecendo a oportunidade do golfinho não ingerir o saco plástico, pois Jonas agora coloca o recipiente descartado no cesto de lixo.
A história será lida com a turma organizada em uma roda, no chão. Antes de iniciar a leitura, a professora pergunta o que sempre há na capa. Incentiva para que se lembrem do que já foi observado em outras capas. Logo após, solicita que olhem atentamente a ilustração e falem o que pensam sobre a história que será lida, de acordo com a ilustração.
Enquanto a leitura vai se desenvolvendo, ir perguntando o que pensam que irá acontecer logo depois e se estão gostando. Após a leitura, solicitar que relatem o que sentiram e  o que pensam sobre os dois finais para a história oferecidos pela autora e outras questões que forem surgindo. Incentivar que deem suas opiniões sobre os fatos que forem sendo levantados pelos alunos.
Logo após este momento, solicitar que tentem lembrar-se dos nomes dos golfinhos e que produzam uma lista com o nome daqueles e logo abaixo, ordená-los respeitando o Alfabeto.
Após a lista pronta e ordenada perguntar quem era o personagem principal e qual o nome dele, solicitando que identifiquem a primeira letra do mesmo.
Em seguida, convidar a turma para um passeio-de-campo pelo pátio da Escola para que possamos juntos observar se há lixo no chão daquele e se estes podem poluir o Rio que fica nas proximidades e solicitar que tudo o que for encontrado seja colocado nos devidos cestos reservados aos orgânicos e secos.
No retorno à sala de aula os alunos listarão o que encontraram no pátio e deverão contribuir para a escrita de um bilhete para a Diretora, no qual a turma informará o que foi observado pela turma e como a mesma pode auxiliar para que a escola seja mantida limpa.
Em casa coletar recipientes que serão descartados e trazer para a sala de aula.
2º Dia
Ao chegarem, pedir que coloquem os recipientes coletados dentro da caixa de papelão que serão utilizados mais tarde.
Aproveitando a observação e o recolhimento do lixo realizado, conversar sobre os tipos de materiais com os quais foram confeccionados os resíduos encontrados durante o passeio-de-campo e nomeá-los e classificá-los quanto ao tipo de material. Registrar esta classificação em uma tabela entregue pela professora, conforme o modelo abaixo:
Plástico
Papel
Metal






















Em seguida, cada um pegará da caixa o recipiente trazido de casa e o colocará sobre as carteiras organizadas em uma “grande mesa”. O conjunto de recipientes será objeto de observação, ordenamento alfabético, classificação de acordo com o tipo de material, estimativa e comparação.
Essas ações serão coordenadas pela professora. No caso do ordenamento, os alunos irão ditando os nomes dos produtos e a professora irá registrando no quadro-verde, para posterior cópia no caderno e a elaboração da lista em ordem alfabética. Posteriormente, serão confeccionados cartões com estas palavras para que os alunos colem em um cartaz, em ordem alfabética, uma palavra por aluno.
Das letras do alfabeto, para a quantidade de recipientes por materiais. Os alunos contarão e a professora anotará no quadro.
O que tem mais? O que tem menos?
A estimativa de vocês foi aproximada?
Seguir dialogando, instigando-os ao relato de como estimaram e compararam.
Solicitar que observem o pátio no final do turno, quando estiverem indo para casa para verificar qual a situação no que se refere ao lixo.
3º Dia
Como estava o pátio ontem na saída?
Este é o “disparador” para que, no final da aula, os estudantes relatema paisagem observada a partir do pátio e incentivá-los a lembrar dos elementos naturais e os produzidos pela ação humana.
E o que vocês encontraram no passeio-de-campo e ontem pode chegar até o Rio, poluindo-o? Conversar sobre o assunto para que percebam o quanto a ação humana é o que interfere na paisagem e na vida dos seres vivos.
Lembrar a história do Jonas e perguntar quantos golfinhos eram na família e quantos ficaram, na primeira versão final.
Logo após desafiá-los contando uma história matemática e pedir que registrem como encontraram a solução.
Um aquário tem 6 peixinhos azuis e 9 peixinhos amarelos. Quantos peixinhos têm no aquário, ao todo?
Perguntar se conhecem outros ambientes aquáticos e deste bate-papo apresentar o mapa-múndi e com eles localizar a parte do Planeta terra que é coberto por água. Informar que a convenção para a água nos mapas-múndi é o azul e que isso é para que haja uma comunicação efetiva no que se refere à localização para todos os humanos.
4º Dia
Montagem de painel do ambiente aquático, após a visualização de algumas imagens exibidas no Datashow. O material será variado, sendo oferecida tinta guache, pincéis, folhas de revistas, moldes de golfinhos, papel crepom, lápis de cor, giz de cera, cola, tesoura, papel para dobradura.
Elaboração de uma frase coletiva alusiva ao cuidado com o descarte de lixo.
5º Dia
Construção de objetos e brinquedos com a sucata coletada nas casas dos alunos. O material que será distribuído é o mesmo da atividade anterior.
Após a construção os estudantes escreverão o que construíram e como o fizeram através de frase e esta será endereçada a um leitor da escolha daqueles.

Avaliação: a avaliação é contínua e acompanha todo o processo de aprendizagem. A cada atividade serão realizados apontamentos sobre dúvidas e dificuldades apresentadas pelos alunos, observando o desempenho, especificamente, da produção escrita e da linguagem, ou seja, a maneira como as crianças se expressam.






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                                            Estudo e pesquisa: exigência docente        Ensejando a continuidade dos estudos e porvent...