quarta-feira, 11 de dezembro de 2019


                                            Estudo e pesquisa: exigência docente 

      Ensejando a continuidade dos estudos e porventura adentrar na pesquisa que elucide e indique outros e diferentes caminhos a serem percorridos sobre como os sujeitos adquirem habilidades e competências para serem produtores de textos e leitores dos mesmos, desde a alfabetização sistematizada através do letramento, o encerramento do trabalho admite que permaneçam dúvidas e certezas temporárias, pois estas compõem o devir do pesquisador.

     A certeza de que todos os sujeitos aprendem, mas que para atingir aquela é necessário que o docente conheça o processo de desenvolvimento humano, principalmente o que se refere às aquisições cognitivas, impele à continuidade e aprofundamento de leituras sobre a Psicogênese que trata sobre o processo de aquisição da linguagem (oral e escrita), sob a ótica da teoria de Piaget, que define quem é o indivíduo cognoscente.(FERREIRO et all, 2007)

    A necessidade em continuar os estudos sobre como alfabetizar através do letramento surge quando o docente se depara com dificuldades que ainda não conhece e sente-se impelido a buscar soluções factíveis para, junto ao aluno, encontrar alternativas que desvendem o desconhecido para aquele ou o que é conhecido pelo mesmo, porém não é decifrado como um elemento que é parte do sistema de escrita alfabética e, este exercício é uma constante, dado constatado a cada ano letivo.

   Se o conhecimento é a resultante da atividade do sujeito (FERREIRO et all, 2007), a necessidade de projetar sequências didáticas que contenham atividades de diferentes matizes, vai ao encontro da ideia de que o indivíduo deve ser criador/produtor de conhecimento, e este resultado comporá o desenvolvimento.

   Encerro o curso PEAD com a convicção de que é possível alfabetizar, através da sistematização de atividades que contemplem o sistema de escrita alfabética ao mesmo tempo em que são ofertadas situações em que o texto, sob diferentes gêneros discursivos, circule no ambiente escolar, favorecendo as interações entre o meio e os sujeitos e a partir deste mote, construir o arcabouço necessário para que a autoria, a interpretação, a reescrita e outros sejam meio para que os sujeitos possam ser criadores do seu desenvolvimento, e este contribua para a autonomia necessária para que a “leitura do mundo preceda a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente.” (FREIRE, 2003, p.13)

Referências:

FERREIRO, Emilia e TEBOROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto
Alegre: Artmed, 1999

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Moderno, 2003.




                                                       "Alfabetizar ou letrar?"


    “Alfabetizar ou Letrar?”, foi a pergunta cunhada enquanto arquitetava o Projeto de Estágio e nele está gravada, pois, como professora dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, sou desafiada a cada ano letivo a selecionar atividades, projetos, pesquisas que possibilitem que os sujeitos, que chegam ao segundo ou terceiro ano, consigam evoluir nas hipóteses da escrita, assim como também na leitura, ensejando que os alunos progridam para além do decifrado para a leitura. 

    Diante deste desafio, o planejamento foi estruturado para proporcionar atividades, sistematizadas através de sequências didáticas com vistas à consolidação da Alfabetização através do Letramento, que responde à pergunta estruturante do Projeto de Estágio, citada acima. 

    Alfabetizar ou letrar?, pergunta norteadora da arquitetura do projeto e execução do Estágio Obrigatório, como também deste da monografia, exigência para a concessão do grau de Pedagoga, iluminou as pesquisas, as reflexões, compôs as dúvidas e a busca das certezas, sempre recaindo sobre a transitoriedade que a ação docente oferece.

     Esta reflexão sobre alfabetização e letramento acompanha-me desde o momento no qual fui designada para ministrar aula em uma turma de segundo ano, no ano de 2017. A turma era composta por alunos que ainda não estavam inseridos no sistema de escrita alfabética, tampouco tinham no gênero textual o suporte para alavancar a entrada naquele, através do domínio e avanço nas hipóteses da escrita.

    Desde então, pesquiso e planejo sob a égide da ciência, que nos coloca diante de um arcabouço robusto, no qual podemos vislumbrar o sujeito cognoscente que "é  alfabetizado quando reflete sobre o que lê e escreve de maneira crítica, como também é letrado como quando se apropria da leitura como também da escrita, portanto letramento e alfabetização são complementares e não opostos, e somente serão se os educadores não forem mediadores entre o conhecimento construído e as vivências que serão ferramentas na aquisição da linguagem, que é veículo do pensamento.", excerto da escrita postada no blog em 12/12/2018.

                                                      
                                                   Como é essa escola?


     Uma cena. Vários atores. Pedagogias. Visões de mundo. Interações diversas.

    Fomos convidadas em 2018/1, como graduandas, a analisar uma cena escolar, na qual é apresentada uma escola, como muitas que conhecemos, na qual há professores que optaram por modelos e pressupostos distintos e a Direção da Escola também é também um dos atores na cena e este defende o Modelo Diretivo/ pressuposto epistemológico Empírico, portanto o quadro representa uma Escola composta por "várias escolas".

    Analisando o ambiente escolar no qual estou atuando e comparando com a cena acima citada, afirmo que o fracasso escolar no que se refere à alfabetização e ao letramento é resultado das escolhas aleatórias dos modelos/pressupostos epistemológicos e da ausência da pesquisa científica no que se refere a como o sujeito aprende.

 É interessante observar que, ao fazermos os conselhos de classe, ouve-se constantemente que "o aluno é preguiçoso, a família não ensina, o estudante veio de outra escola, a história familiar é assim (ninguém aprende)" e aquilo que deveria ser analisado (como o sujeito aprende ) não é elencado nas discussões e análises.

   Portanto, o fracasso escolar continuará sendo responsabilidade do aluno e da família e a escola estará isenta, assim como a sociedade.
      
                                 

Diferenças significativas, outra abordagem

                                    Diferenças significativas, outra abordagem



     Estigma e esteriótipo. Barreiras intransponíveis quando os sujeitos marcados por aqueles não são recepcionados por sujeitos capazes de valorar propositivamente as diferenças significativas, que Ligia Amaral (1998) conota: “ [...] pode-se pensar a anormalidade de forma inovadora: não mais e somente como patologia – seja individual ou social – mas como expressão da diversidade da natureza e da condição humana, seja qual for o critério utilizado.” (AMARAL, 1998, p.21)

    Assim como o episódio ocorrido em 2017, relatado neste blog, através da postagem Diferenças significativas, publicada em 01/12/2017, neste ano letivo, na turma na qual leciono, me deparei com uma situação marcada pelo esteriótipo gravado a partir dos aspectos altura e idade. A aluna em questão, está "fora" da idade e altura esperados para o Ano cursado, qual seja, o terceiro ano do Ensino Fundamental. Para agravar a situação, a aluna adentra pela segunda vez o Ano citado, sem as habilidades para leitura e escrita, portanto, o estigma foi fomentado sobre o tripé elencado.

     Ligia Amaral (1998) advoga que devemos inovar ao nos defrontarmos com as diferenças significativas e ao valorar como diversidade da natureza e condição humana as características  do sujeito definido anteriormente foi possível traçar estratégias para incluí-la no grupo.

     Como no ano de 2017 houve muita dificuldade para avançar no atendimento à aluna que apresentava diferença significativa, executei as demandas cabíveis e possíveis no ambiente escolar e junto à família para que a estudante pudesse avançar na hipóteses da escrita e para auxiliar neste propósito, solicitei que a família fizesse uma visita a um profissional da saúde, pois havia suspeita de que a menina não estava com a visão em pleno funcionamento. 

    A família prontamente procurou recurso, sendo diagnosticada a necessidade da estudante utilizar óculos e este foi providenciado rapidamente. O resultado foi impressionante, pois a aluna começou a ler e a escrever no final de abril, resultado auspicioso, pois ainda haveria bastante tempo para que ela pudesse avançar nas hipóteses da escrita, na produção textual, na compreensão de diferentes gêneros textuais. 

    Esta mudança de paradigma no que se refere à condição que a aluna vivenciava, propiciou a ela a condição que facilitou a interação da mesma com os colegas, pois a menina estava retraída pela ausência de habilidades e competências para a escrita e a leitura. Ao interagir com mais segurança, a questão da altura e idade foi se tornando tênue e agora, neste final de ano letivo, posso afirmar que há muito respeito pela colega e as três diferenças significativas tornaram-se diversidade e condição humana.

Referências:
AMARAL. Ligia. DIFERENÇAS E PRECONCEITOS NA ESCOLA: Alternativas teóricas e Práticas. Sobre crocodilos e avestruzes: falando de diferenças físicas, preconceitos e sua superação.Julio Groppa Aquino (org.) São Paulo Summus Editorial, 1998.   Disponível em:  https://acessibilidade.ufg.br/up/211/o/Sobre_crocodilos_e_avestruzes__Ligia_Amaral_1_.pdf?1473202737 Acesso em: 11/12/2019
 

Memória como ruptura



                                                 Memória como ruptura

        A memória não é a melhor aliada para traçar um panorama no qual me insiro como estudante dos primeiros anos da escolarização formal. Talvez aquela tenha sido sabotada pela experiência negativa relativa aos exercícios primários no que se refere à representação artística possibilitada no ambiente escolar.

     A conclusão que encerra a escrita para o blog intitulada Memória e experiência: historicidade publicada em 28/11/2017, não coincide com a lembrança que ensejou a que agora gravo, qual seja, "A conclusão à respeito do trabalho desenvolvido é que os indivíduos se interessam por rememorar a partir do lúdico, como no caso relatado acima e que é possível encurtar o tempo a ponto de localizar no presente memórias do passado e estas serem o fio condutor para outros diálogos que estabelecem pertencimento."

     Lembro de uma experiência, talvez essa seja a chave que bloqueou o caminho que as lembranças poderiam perfazer, na qual nós, estudantes, deveríamos desenhar um caju, exposto em um prato. Durante um bom período, a memória aponta como eterno, tentei esboçar, traçar as linhas que pudessem representar o objeto, porém recordo da borracha apagando diversas vezes o esboço, até que o papel ficou borrado, a ponto de não conseguir prosseguir, em função de sentir que não seria capaz.

     Enquanto fazia o exercício, não houve por parte do professor nenhuma aproximação e, como fui um sujeito tímido, fiquei sem a mediação necessária para diminuir a frustação resultante deste exercício
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    Já no ensino médio, o contato com o desenho retornou novamente como uma atividade marcante, também pelo viés do desencanto, pois o professor solicitou que fizéssemos um desenho em perspectiva, sem haver trabalhado noções básicas para tal traçado.

   Por outro lado, havia em casa duas enciclopédias, nas quais pesquisei iluminuras, quadros de artistas consagrados, retratos e todos estes eram de uma beleza que despertaram o desejo de conhecer outras obras.

   Estas vivências deixaram uma marca forte que é a ideia de que não tenho competência para representar o que sinto/percebo, porém minha percepção visual, o gosto pela observação de diferentes matizes, traços, representações é aguçado e sou receptiva/sensível às ideias de mundo que os artistas revelam.

domingo, 22 de setembro de 2019



                                     
                        Saberes: apropriação e produção    
Chegar ao termo de uma ação. Refletir sobre o percurso, elencando incertezas, questionamentos, êxitos e propósitos, para tecer um panorama que possibilite vislumbrar os próximos passos, pois a ação planejada e concluída é parte de um processo em aberto, que seguirá e terá como referencial as conclusões possíveis e as dúvidas temporárias que surgiram enquanto o Estágio Obrigatório, ação levada à termo, foi sendo desenvolvido. 
As conclusões e as dúvidas foram resultado da dinâmica que é pertinente ao cotidiano de uma sala de aula, ou seja, as interações aluno - aluno; professor - aluno; aluno - objeto de estudo - professor; aluno - meio - professor e outras e aquelas possibilitaram uma reorganização nas formulações, adequação nos planejamentos e estes movimentos proporcionaram a reflexão necessária para atingir os objetivos propostos para o período previsto à conclusão do Estágio. 
Com o objetivo de oferecer aos alunos condições para que sejam “proficientes em leitura para que se apropriem e produzam saberes organizados na sociedade letrada” (Borgatto et al, 2014, p. 338), o planejamento foi desenvolvido contemplando vários gêneros textuais e atividades sistematizadas que possibilitaram que a leitura, o estudo e a interpretação dos textos fossem tanto conteúdo quanto fruição. 
Uma dúvida que acompanhou parte do desenvolvimento do estágio foi quais os gêneros que deveriam ser privilegiados, pois como há acesso restrito dos alunos a livros nas suas casas, são poucos os gêneros conhecidos por aqueles, portanto foi necessário procurar argumentações sobre o assunto e estas foram dirimindo as dúvidas sobre como proceder. 
Conclusão potente que fundamentou parte importante do trabalho, no período do estágio, foi o quanto a leitura em sala de aula pode ser ferramenta para o desenvolvimento da criança, no que se refere ao cognitivo e ao social, pois aquela provoca sentimentos, sugere ambientes reais e imaginários, desafia o uso da linguagem tanto formal como a do cotidiano, oferece espaço para a troca de saberes e opiniões, portanto um objeto a ser sistematizado. 
Em vista disso, é possível antever um arcabouço robusto sobre o qual será escrito o trabalho de conclusão do Curso PEAD, tendo como fio condutor o planejamento e as reflexões realizadas concomitantemente ao encerramento de cada semana de estágio. 
Refêrencias:
BORGATTO, Ana Maria Trinconi. BERTIN, Teresinha Costa Hashimoto. MARCHEZI, Vera Lúcia de Carvalho. Ápis: letramento e alfabetização. 2. Ed. São Paulo: Ática, 2014.

segunda-feira, 29 de julho de 2019


                       

                     Reflexões pertinentes ao Estágio Obrigatório                                                                          PEAD/UAB/UFRGS                                                                                                      2019/01




    Semana dedicada à preparação de carinhos para as primeiras cuidadoras, seja a mãe, a avó, alguma parente, ou mesmo o pai que ombreia com as mulheres da família este lugar.
    Sempre é um período no qual deve ser reservado um espaço maior para a troca de ideias, a escuta por parte do professor, a sensibilidade ativa para perceber o quanto para alguns alunos é difícil vivenciar plenamente as atividades referentes ao tema proposto, pois há diversas organizações familiares atualmente, portanto é necessário conhecer as histórias individuais para que a abordagem seja respeitosa.
    Aliando o que foi exposto acima com a solicitação da Direção da Escola para que preparássemos com a turma uma apresentação para às mães/famílias, escolhemos alunos e professora uma canção que contemplou plenamente o que foi conversado no momento preparatório.
   Como o planejamento é elaborado a partir de textos e estes são escolhidos dentre diferentes gêneros textuais, a canção escolhida é resultante de um belo poema, que pode ser lido, discutido, interpretado pelos alunos.
Consoante, Trinconi, Bertin e Marquezi (2014, pg. 341)

          O processo de ensino-aprendizagem deve estimular a sensibilidade, a afetividade e o autoconhecimento do aluno, predispondo-o tanto para a apropriação de conhecimentos, por tornar o estudo mais significativo, como para o desenvolvimento do senso estético, da fruição estética, pois envolve o exercício conjunto do pensamento, da intuição, da sensibilidade e da imaginação.

    Portanto, a semana favoreceu a fruição, pois a turma pode exercitar o pensamento, a intuição, a sensibilidade e a imaginação e pode representar através do canto, toda gama de emoções que surgiram durante o processo de preparação para a apresentação solicitada.

Referências:

BORGATTO. Ana Maria Trinconi. Ápis: letramento e alfabetização/ Ana Maria Trinconi Borgatto, Teresinha Costa Hashimoto Bertin, Vera Lúcia de Carvalho Marchezi. 2.ed. – São Paulo: Ática, 2014.

                                            Estudo e pesquisa: exigência docente        Ensejando a continuidade dos estudos e porvent...