quarta-feira, 11 de dezembro de 2019


                                            Estudo e pesquisa: exigência docente 

      Ensejando a continuidade dos estudos e porventura adentrar na pesquisa que elucide e indique outros e diferentes caminhos a serem percorridos sobre como os sujeitos adquirem habilidades e competências para serem produtores de textos e leitores dos mesmos, desde a alfabetização sistematizada através do letramento, o encerramento do trabalho admite que permaneçam dúvidas e certezas temporárias, pois estas compõem o devir do pesquisador.

     A certeza de que todos os sujeitos aprendem, mas que para atingir aquela é necessário que o docente conheça o processo de desenvolvimento humano, principalmente o que se refere às aquisições cognitivas, impele à continuidade e aprofundamento de leituras sobre a Psicogênese que trata sobre o processo de aquisição da linguagem (oral e escrita), sob a ótica da teoria de Piaget, que define quem é o indivíduo cognoscente.(FERREIRO et all, 2007)

    A necessidade em continuar os estudos sobre como alfabetizar através do letramento surge quando o docente se depara com dificuldades que ainda não conhece e sente-se impelido a buscar soluções factíveis para, junto ao aluno, encontrar alternativas que desvendem o desconhecido para aquele ou o que é conhecido pelo mesmo, porém não é decifrado como um elemento que é parte do sistema de escrita alfabética e, este exercício é uma constante, dado constatado a cada ano letivo.

   Se o conhecimento é a resultante da atividade do sujeito (FERREIRO et all, 2007), a necessidade de projetar sequências didáticas que contenham atividades de diferentes matizes, vai ao encontro da ideia de que o indivíduo deve ser criador/produtor de conhecimento, e este resultado comporá o desenvolvimento.

   Encerro o curso PEAD com a convicção de que é possível alfabetizar, através da sistematização de atividades que contemplem o sistema de escrita alfabética ao mesmo tempo em que são ofertadas situações em que o texto, sob diferentes gêneros discursivos, circule no ambiente escolar, favorecendo as interações entre o meio e os sujeitos e a partir deste mote, construir o arcabouço necessário para que a autoria, a interpretação, a reescrita e outros sejam meio para que os sujeitos possam ser criadores do seu desenvolvimento, e este contribua para a autonomia necessária para que a “leitura do mundo preceda a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente.” (FREIRE, 2003, p.13)

Referências:

FERREIRO, Emilia e TEBOROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto
Alegre: Artmed, 1999

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Moderno, 2003.




                                                       "Alfabetizar ou letrar?"


    “Alfabetizar ou Letrar?”, foi a pergunta cunhada enquanto arquitetava o Projeto de Estágio e nele está gravada, pois, como professora dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, sou desafiada a cada ano letivo a selecionar atividades, projetos, pesquisas que possibilitem que os sujeitos, que chegam ao segundo ou terceiro ano, consigam evoluir nas hipóteses da escrita, assim como também na leitura, ensejando que os alunos progridam para além do decifrado para a leitura. 

    Diante deste desafio, o planejamento foi estruturado para proporcionar atividades, sistematizadas através de sequências didáticas com vistas à consolidação da Alfabetização através do Letramento, que responde à pergunta estruturante do Projeto de Estágio, citada acima. 

    Alfabetizar ou letrar?, pergunta norteadora da arquitetura do projeto e execução do Estágio Obrigatório, como também deste da monografia, exigência para a concessão do grau de Pedagoga, iluminou as pesquisas, as reflexões, compôs as dúvidas e a busca das certezas, sempre recaindo sobre a transitoriedade que a ação docente oferece.

     Esta reflexão sobre alfabetização e letramento acompanha-me desde o momento no qual fui designada para ministrar aula em uma turma de segundo ano, no ano de 2017. A turma era composta por alunos que ainda não estavam inseridos no sistema de escrita alfabética, tampouco tinham no gênero textual o suporte para alavancar a entrada naquele, através do domínio e avanço nas hipóteses da escrita.

    Desde então, pesquiso e planejo sob a égide da ciência, que nos coloca diante de um arcabouço robusto, no qual podemos vislumbrar o sujeito cognoscente que "é  alfabetizado quando reflete sobre o que lê e escreve de maneira crítica, como também é letrado como quando se apropria da leitura como também da escrita, portanto letramento e alfabetização são complementares e não opostos, e somente serão se os educadores não forem mediadores entre o conhecimento construído e as vivências que serão ferramentas na aquisição da linguagem, que é veículo do pensamento.", excerto da escrita postada no blog em 12/12/2018.

                                                      
                                                   Como é essa escola?


     Uma cena. Vários atores. Pedagogias. Visões de mundo. Interações diversas.

    Fomos convidadas em 2018/1, como graduandas, a analisar uma cena escolar, na qual é apresentada uma escola, como muitas que conhecemos, na qual há professores que optaram por modelos e pressupostos distintos e a Direção da Escola também é também um dos atores na cena e este defende o Modelo Diretivo/ pressuposto epistemológico Empírico, portanto o quadro representa uma Escola composta por "várias escolas".

    Analisando o ambiente escolar no qual estou atuando e comparando com a cena acima citada, afirmo que o fracasso escolar no que se refere à alfabetização e ao letramento é resultado das escolhas aleatórias dos modelos/pressupostos epistemológicos e da ausência da pesquisa científica no que se refere a como o sujeito aprende.

 É interessante observar que, ao fazermos os conselhos de classe, ouve-se constantemente que "o aluno é preguiçoso, a família não ensina, o estudante veio de outra escola, a história familiar é assim (ninguém aprende)" e aquilo que deveria ser analisado (como o sujeito aprende ) não é elencado nas discussões e análises.

   Portanto, o fracasso escolar continuará sendo responsabilidade do aluno e da família e a escola estará isenta, assim como a sociedade.
      
                                 

Diferenças significativas, outra abordagem

                                    Diferenças significativas, outra abordagem



     Estigma e esteriótipo. Barreiras intransponíveis quando os sujeitos marcados por aqueles não são recepcionados por sujeitos capazes de valorar propositivamente as diferenças significativas, que Ligia Amaral (1998) conota: “ [...] pode-se pensar a anormalidade de forma inovadora: não mais e somente como patologia – seja individual ou social – mas como expressão da diversidade da natureza e da condição humana, seja qual for o critério utilizado.” (AMARAL, 1998, p.21)

    Assim como o episódio ocorrido em 2017, relatado neste blog, através da postagem Diferenças significativas, publicada em 01/12/2017, neste ano letivo, na turma na qual leciono, me deparei com uma situação marcada pelo esteriótipo gravado a partir dos aspectos altura e idade. A aluna em questão, está "fora" da idade e altura esperados para o Ano cursado, qual seja, o terceiro ano do Ensino Fundamental. Para agravar a situação, a aluna adentra pela segunda vez o Ano citado, sem as habilidades para leitura e escrita, portanto, o estigma foi fomentado sobre o tripé elencado.

     Ligia Amaral (1998) advoga que devemos inovar ao nos defrontarmos com as diferenças significativas e ao valorar como diversidade da natureza e condição humana as características  do sujeito definido anteriormente foi possível traçar estratégias para incluí-la no grupo.

     Como no ano de 2017 houve muita dificuldade para avançar no atendimento à aluna que apresentava diferença significativa, executei as demandas cabíveis e possíveis no ambiente escolar e junto à família para que a estudante pudesse avançar na hipóteses da escrita e para auxiliar neste propósito, solicitei que a família fizesse uma visita a um profissional da saúde, pois havia suspeita de que a menina não estava com a visão em pleno funcionamento. 

    A família prontamente procurou recurso, sendo diagnosticada a necessidade da estudante utilizar óculos e este foi providenciado rapidamente. O resultado foi impressionante, pois a aluna começou a ler e a escrever no final de abril, resultado auspicioso, pois ainda haveria bastante tempo para que ela pudesse avançar nas hipóteses da escrita, na produção textual, na compreensão de diferentes gêneros textuais. 

    Esta mudança de paradigma no que se refere à condição que a aluna vivenciava, propiciou a ela a condição que facilitou a interação da mesma com os colegas, pois a menina estava retraída pela ausência de habilidades e competências para a escrita e a leitura. Ao interagir com mais segurança, a questão da altura e idade foi se tornando tênue e agora, neste final de ano letivo, posso afirmar que há muito respeito pela colega e as três diferenças significativas tornaram-se diversidade e condição humana.

Referências:
AMARAL. Ligia. DIFERENÇAS E PRECONCEITOS NA ESCOLA: Alternativas teóricas e Práticas. Sobre crocodilos e avestruzes: falando de diferenças físicas, preconceitos e sua superação.Julio Groppa Aquino (org.) São Paulo Summus Editorial, 1998.   Disponível em:  https://acessibilidade.ufg.br/up/211/o/Sobre_crocodilos_e_avestruzes__Ligia_Amaral_1_.pdf?1473202737 Acesso em: 11/12/2019
 

Memória como ruptura



                                                 Memória como ruptura

        A memória não é a melhor aliada para traçar um panorama no qual me insiro como estudante dos primeiros anos da escolarização formal. Talvez aquela tenha sido sabotada pela experiência negativa relativa aos exercícios primários no que se refere à representação artística possibilitada no ambiente escolar.

     A conclusão que encerra a escrita para o blog intitulada Memória e experiência: historicidade publicada em 28/11/2017, não coincide com a lembrança que ensejou a que agora gravo, qual seja, "A conclusão à respeito do trabalho desenvolvido é que os indivíduos se interessam por rememorar a partir do lúdico, como no caso relatado acima e que é possível encurtar o tempo a ponto de localizar no presente memórias do passado e estas serem o fio condutor para outros diálogos que estabelecem pertencimento."

     Lembro de uma experiência, talvez essa seja a chave que bloqueou o caminho que as lembranças poderiam perfazer, na qual nós, estudantes, deveríamos desenhar um caju, exposto em um prato. Durante um bom período, a memória aponta como eterno, tentei esboçar, traçar as linhas que pudessem representar o objeto, porém recordo da borracha apagando diversas vezes o esboço, até que o papel ficou borrado, a ponto de não conseguir prosseguir, em função de sentir que não seria capaz.

     Enquanto fazia o exercício, não houve por parte do professor nenhuma aproximação e, como fui um sujeito tímido, fiquei sem a mediação necessária para diminuir a frustação resultante deste exercício
.
    Já no ensino médio, o contato com o desenho retornou novamente como uma atividade marcante, também pelo viés do desencanto, pois o professor solicitou que fizéssemos um desenho em perspectiva, sem haver trabalhado noções básicas para tal traçado.

   Por outro lado, havia em casa duas enciclopédias, nas quais pesquisei iluminuras, quadros de artistas consagrados, retratos e todos estes eram de uma beleza que despertaram o desejo de conhecer outras obras.

   Estas vivências deixaram uma marca forte que é a ideia de que não tenho competência para representar o que sinto/percebo, porém minha percepção visual, o gosto pela observação de diferentes matizes, traços, representações é aguçado e sou receptiva/sensível às ideias de mundo que os artistas revelam.

domingo, 22 de setembro de 2019



                                     
                        Saberes: apropriação e produção    
Chegar ao termo de uma ação. Refletir sobre o percurso, elencando incertezas, questionamentos, êxitos e propósitos, para tecer um panorama que possibilite vislumbrar os próximos passos, pois a ação planejada e concluída é parte de um processo em aberto, que seguirá e terá como referencial as conclusões possíveis e as dúvidas temporárias que surgiram enquanto o Estágio Obrigatório, ação levada à termo, foi sendo desenvolvido. 
As conclusões e as dúvidas foram resultado da dinâmica que é pertinente ao cotidiano de uma sala de aula, ou seja, as interações aluno - aluno; professor - aluno; aluno - objeto de estudo - professor; aluno - meio - professor e outras e aquelas possibilitaram uma reorganização nas formulações, adequação nos planejamentos e estes movimentos proporcionaram a reflexão necessária para atingir os objetivos propostos para o período previsto à conclusão do Estágio. 
Com o objetivo de oferecer aos alunos condições para que sejam “proficientes em leitura para que se apropriem e produzam saberes organizados na sociedade letrada” (Borgatto et al, 2014, p. 338), o planejamento foi desenvolvido contemplando vários gêneros textuais e atividades sistematizadas que possibilitaram que a leitura, o estudo e a interpretação dos textos fossem tanto conteúdo quanto fruição. 
Uma dúvida que acompanhou parte do desenvolvimento do estágio foi quais os gêneros que deveriam ser privilegiados, pois como há acesso restrito dos alunos a livros nas suas casas, são poucos os gêneros conhecidos por aqueles, portanto foi necessário procurar argumentações sobre o assunto e estas foram dirimindo as dúvidas sobre como proceder. 
Conclusão potente que fundamentou parte importante do trabalho, no período do estágio, foi o quanto a leitura em sala de aula pode ser ferramenta para o desenvolvimento da criança, no que se refere ao cognitivo e ao social, pois aquela provoca sentimentos, sugere ambientes reais e imaginários, desafia o uso da linguagem tanto formal como a do cotidiano, oferece espaço para a troca de saberes e opiniões, portanto um objeto a ser sistematizado. 
Em vista disso, é possível antever um arcabouço robusto sobre o qual será escrito o trabalho de conclusão do Curso PEAD, tendo como fio condutor o planejamento e as reflexões realizadas concomitantemente ao encerramento de cada semana de estágio. 
Refêrencias:
BORGATTO, Ana Maria Trinconi. BERTIN, Teresinha Costa Hashimoto. MARCHEZI, Vera Lúcia de Carvalho. Ápis: letramento e alfabetização. 2. Ed. São Paulo: Ática, 2014.

segunda-feira, 29 de julho de 2019


                       

                     Reflexões pertinentes ao Estágio Obrigatório                                                                          PEAD/UAB/UFRGS                                                                                                      2019/01




    Semana dedicada à preparação de carinhos para as primeiras cuidadoras, seja a mãe, a avó, alguma parente, ou mesmo o pai que ombreia com as mulheres da família este lugar.
    Sempre é um período no qual deve ser reservado um espaço maior para a troca de ideias, a escuta por parte do professor, a sensibilidade ativa para perceber o quanto para alguns alunos é difícil vivenciar plenamente as atividades referentes ao tema proposto, pois há diversas organizações familiares atualmente, portanto é necessário conhecer as histórias individuais para que a abordagem seja respeitosa.
    Aliando o que foi exposto acima com a solicitação da Direção da Escola para que preparássemos com a turma uma apresentação para às mães/famílias, escolhemos alunos e professora uma canção que contemplou plenamente o que foi conversado no momento preparatório.
   Como o planejamento é elaborado a partir de textos e estes são escolhidos dentre diferentes gêneros textuais, a canção escolhida é resultante de um belo poema, que pode ser lido, discutido, interpretado pelos alunos.
Consoante, Trinconi, Bertin e Marquezi (2014, pg. 341)

          O processo de ensino-aprendizagem deve estimular a sensibilidade, a afetividade e o autoconhecimento do aluno, predispondo-o tanto para a apropriação de conhecimentos, por tornar o estudo mais significativo, como para o desenvolvimento do senso estético, da fruição estética, pois envolve o exercício conjunto do pensamento, da intuição, da sensibilidade e da imaginação.

    Portanto, a semana favoreceu a fruição, pois a turma pode exercitar o pensamento, a intuição, a sensibilidade e a imaginação e pode representar através do canto, toda gama de emoções que surgiram durante o processo de preparação para a apresentação solicitada.

Referências:

BORGATTO. Ana Maria Trinconi. Ápis: letramento e alfabetização/ Ana Maria Trinconi Borgatto, Teresinha Costa Hashimoto Bertin, Vera Lúcia de Carvalho Marchezi. 2.ed. – São Paulo: Ática, 2014.

                         Reflexões pertinentes ao Estágio Obrigatório                                                                          PEAD/UAB/UFRGS                                                                                                      2019/01




     O planejamento desta semana foi elaborado e desenvolvido sob a égide do encantamento pela leitura.
     A proposta foi trabalhar durante a semana uma fábula que possibilitasse a reescrita da mesma de forma coletiva e o intento foi exitoso.
O empenho foi intenso. Houve envolvimento de todos, seja nas ideias para o texto coletivo, seja na confecção de fantoches e cenário para a apresentação da mesma em sala de aula e a apresentação da história coletiva.
    De acordo com Trinconi, Bertin e Marchezi (2014, pg. 333)

         Assim, ler, escrever, ouvir e falar são objetivos fundamentais da Educação Básica e devem se constituir em um dos eixos organizadores das relações interdisciplinares e das propostas e práticas pedagógicas na escola.

    Encantar as crianças através da leitura de diferentes gêneros textuais é um desafio, pois requer que também estejamos envolvidos por aquele título, para viabilizar aquele é necessário que a escolha dos títulos seja feita com antecedência, assim como a leitura dos mesmos. Feita a escolha, adaptar as atividades de compreensão e interpretação para a turma como um todo e cuidar para que aqueles alunos que estão em defasagem no que se refere à escrita, possam também realizá-las, de maneira escrita, no seu nível, ou através de desenho.
Enfim, ir tramando os planejamentos diários para que todos os alunos sejam desafiados e desejem aprender sempre mais.

Referências:

BORGATTO. Ana Maria Trinconi. Ápis: letramento e alfabetização/ Ana Maria Trinconi Borgatto, Teresinha Costa Hashimoto Bertin, Vera Lúcia de Carvalho Marchezi. 2.ed. – São Paulo: Ática, 2014.


                                 

                                  Reflexões pertinentes ao Estágio Obrigatório                                                                   PEAD/UAB/UFRGS                                                                                                      2019/01


   Pensar como e para quê planejamos exige a pergunta fundamental, qual seja, para quem planejamos.
   Quando se avizinhava o início dos primeiros arranjos com vistas ao Estágio Obrigatório, parte do Curso de Pedagogia à Distância (PEAD/UAB/UFRGS), a escolha do público para o qual o planejamento seria desenhado já estava feita, faltando somente a anuência por parte da Direção da Escola na qual leciono e aquela foi satisfatória.
   A turma em questão é um 3º Ano e naquela lecionei no ano anterior, portanto sigo com os mesmos alunos que frequentavam o 2º Ano, somente havendo o acréscimo de alunos oriundos do 3° Ano de 2018, que foram retidos, por não terem avançado nas Hipóteses da Escrita.
   Ao fazer a escolha de permanecer com a mesma turma, tinha em vista a intenção de prosseguir com o trabalho de incentivo à leitura e à escrita, através da leitura diária de diferentes gêneros textuais e com o apoio constante do livro didático, que faz parte do material escolar que as crianças têm disponível na Escola para o trabalho em sala de aula.
   De acordo com Trinconi, Bertin e Marchezi (2014, pg. 334) apud PCN Língua Portuguesa, (1997, pg.30) Cabe, portanto à escola viabilizar o acesso do aluno ao universo dos textos que circulam socialmente, ensinar a produzi-los e interpretá-los.”
   Sabendo que, a maioria dos alunos carecem do acesso ao livro em suas residências, desde que iniciei com a turma no ano anterior, tenho feito escolhas que contemplam o livro didático, a oferta de livros de histórias para que levem para casa, de uma biblioteca organizada em sala de aula, para quê o livro seja um suporte conhecido por eles, por exemplo, como pesquisar no sumário um título, onde encontrar as referências à autoria e edição, o acesso aos diferentes gêneros textuais e o mais importante, a possibilidade de haver troca de opiniões, impressões, ideias sobre os mesmos títulos, pois estas habilidades desenvolvidas em grupo, favorece a escrita, que é um dos grandes desafios nos primeiros anos do Ensino Básico.
   Ainda Trinconi, Bertin e Marchezi (2014, pg. 334) apud PRÓ-LETRAMENTO, fascículo 1, p.10

       “De acordo com esses estudos (Psicogênese da língua escrita), o aprendizado do sistema de escrita não se reduziria ao domínio de correspondências entre grafemas e fonemas (a codificação e a decodificação), mas  se caracterizaria como um processo ativo por meio do qual a criança, desde seus primeiros contatos com a escrita, construiria e reconstruiria hipóteses sobre a natureza e o funcionamento da língua escrita, compreendida como um sistema de representação.”

   Portanto, este foi o mote que me inspirou para iniciar o estágio e, aquele segue sendo o eixo norteador do meu trabalho como profissional e estudante.

Referências
BORGATTO. Ana Maria Trinconi. Ápis: letramento e alfabetização/ Ana Maria Trinconi Borgatto, Teresinha Costa Hashimoto Bertin, Vera Lúcia de Carvalho Marchezi. 2.ed. – São Paulo: Ática, 2014.

Ibid.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Faculdade de Educação
Curso de Graduação em Pedagogia – Licenciatura  







PROJETO DE ESTÁGIO


Introdução

O Projeto de Estágio, previsto pelo Curso Pedagogia à Distância (PEAD/UAB/UFRGS), como obrigatório para conclusão daquele, prevê 180h para efetiva prática em sala de aula e 120h para observação da turma, planejamentos e escrita do relatório, somadas 300h nas quais poderemos colocar em prática os estudos teóricos e práticos até então desenvolvidos nos semestres ofertados pela Universidade, no Curso em questão.
A atividade curricular será desenvolvida em uma turma de 3° Ano, classe na qual a regência está sob os cuidados da Estagiária/Professora. Aquela é composta por 29 alunos, funciona no turno da tarde, na EEEF Evarista Flores da Cunha.
O planejamento será desenvolvido em torno da Alfabetização e Letramento, a partir de escolhas de títulos e autores que disponibilizem temas geradores para o desenvolvimento de tramas possíveis para as interações aluno-aluno; professor-aluno; aluno-ambiente-professor e daquelas a capacitação para a dialogia que permita escritas, interpretações, formulações e resoluções.
O Projeto terá como mote a leitura de títulos que contemplarão os diferentes gêneros textuais e daquela a elaboração de atividades variadas que transitarão pelas áreas de Conhecimento: Linguagens (Arte, Educação Física, Língua Portuguesa), Matemática, Ciências da Natureza e Humana.
A Escola estadual de Ensino Fundamental Evarista Flores da Cunha localiza-se em Belém Novo, bairro pertencente à Zona Sul da Capital do RS. A instituição compõe um espaço privilegiado na região que é a Praça Central, junto à outros equipamentos públicos, como banheiros, pracinha e duas quadras esportivas e aquela está situada à beira do Rio Guaíba.
A localização da Escola permite acesso facilitado, sendo possível chegar à instituição através de transporte público e de transportes alternativos (bicicleta, motocicleta, skate). Nas cercanias, encontra-se o comércio local, instituições públicas como Delegacia de Polícia e Posto de saúde, outras escolas da rede estadual, igrejas (Católica e Evangélica), um parque à beira do rio, composto por churrasqueiras, pista de skate e espaço para piqueniques e acampamento.
Instituição criada em 23/01/1934 e designada EEEF Evarista Flores da Cunha em 15/12/2000, tem como endereço Praça Inácio Antonio da Silva, s/nº, bairro Belém Novo - Porto Alegre – RS, CEP 91.780 – 330, telefone 51 32591353, funcionando em regime de dois turnos, manhã e tarde, respectivamente das 8h às 12h15 e das 13h15 às 17h15.
Compõe a Instituição, 19 salas de aula ( uma sala adaptada para cadeirante), 01 sala de professores, 01 sala para Vice - direção, 01 sala para Direção, 01 sala para Supervisão escolar e Orientação escolar, 01 sala para Secretaria, 01 sala para Almoxarifado, 01 sala para cozinha/refeitório, 01 pracinha para 1º Ano, 01 praça para o Currículo por Atividade, 01 Biblioteca/ Sala de vídeo, 01 quadra esportiva, 03 salas no andar superior que abriga o Policial Militar, 06 banheiros ( um banheiro adaptado para cadeirante), 01 pátio, sendo distribuídos estes espaços pelo prédio central, construído em 1934 e pelos prédio anexos, construídos posteriormente.
A faixa etária atendida é dos 6 anos aos 18 anos, distribuídos do 1° ao 9° ano um contingente de 800 alunos, atendidos por professores nomeados e contratados pela rede, por 01 Diretora, 02 vices – diretoras, 01orientadora educacional, 01 supEervisora, 01 secretária, 04 merendeiras, 02 funcionários do quadro especial, 04 auxiliares de serviços gerais, e 01 auxiliar administrativo, somando 40 sujeitos, entre funcionários e professores.
De acordo com o Regimento Escolar/2007, a proposta pedagógica “traduz o perfil da Comunidade escolar, preocupa-se com a construção no coletivo desta Comunidade escolar e visa a harmonia de interesses e compromissos que devem ser assumidos para a solução de problemas enfrentados e assim atingir os objetivos traçados para uma melhor prática pedagógica e da cidadania.”[i](2007, p. 08)
A Avaliação prevista no Regimento deverá ser diagnóstica, abrangendo os aspectos cognitivos, afetivos, psicomotores e sociais, e os resultados da mesma serão expressos trimestralmente.
No que se refere à Sala de Aula, no que tange às características físicas, é um espaço tradicional, com carteiras e cadeiras, um quadro verde e outro branco, um armário para a turma e um ventilador. Bem iluminada e ventilada suficientemente. No que se refere ao pedagógico, as turmas de Anos Iniciais são contempladas com a Unidocência, não havendo aulas especializadas.
A professora, ora Estagiária da turma 33, elabora o planejamento baseado na Teoria Interacionista que de acordo com Marques (2008, p. 02),

  “[...]é uma teoria que não prioriza nem as condições internas, nem as externas, na construção do conhecimento. Interacionismo é a crença segundo a qual a explicação da origem do conhecimento está na síntese permanente entre as condições internas do sujeito e do meio, entre a maturação e a experiência adquirida.”[ii]

e avalia de forma contínua, gradativa e mediadora, que segundo Melo; Bastos (2012, p.190) apud Hoffmann (1993, p. 34)

[iii]O significado primeiro e essencial da ação avaliativa mediadora é o “prestar muita atenção” nas crianças, nos jovens, eu diria “pegar no pé” desse aluno mesmo, insistindo em conhecê-lo melhor, em entender suas falas, seus argumentos, ouvindo todas as suas perguntas, fazendo-lhes novas e desafiadoras questões, “implicantes”, até, na busca de alternativas para uma ação educativa voltada para a autonomia moral e intelectual. Autonomia, que segundo La Taille (1992, p. 17), “significa ser capaz de se situar consciente e competentemente na rede dos diversos pontos de vista e conflitos presentes numa sociedade”.[iv]

Princípios orientadores
Refletir exige que tenhamos parâmetros e estes serão fundamentos para a ação, que neste caso é projetar para um período específico, porém esta ideia deve estar relacionada ao que já vem sendo desenvolvido.
Por este viés, embasarei o Projeto de Estágio em autorias que me acompanham como graduanda do PEAD, assim como profissional que tem como motivação e objeto de pesquisa, as interações, sejam aluno – aluno; professor – aluno; aluno – ambiente – professor, portanto estarei em constante dialogia com os teóricos que respondam as inquietações que emergem das interações, dentre aquelas, uma que acompanha o professor dos Anos iniciais, permeará a tessitura do Projeto, qual seja Alfabetizar ou Letrar?,  consoante Moraes (2005, p. 6) apud Soares (1998, p. 47)

             “ [...]teríamos alfabetizar e letrar como duas ações distintas, mas não inseparáveis, [ . . . ] ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o indivíduo se tornasse, ao mesmo tempo, alfabetizado e letrado.” [v]

Ainda Moraes (2005, p. 7)

“O sujeito que aprende o código da leitura e da escrita em situações reais de leitura e escrita, através dos diferentes portadores de textos do mundo letrado, e não com textos que foram elaborados didaticamente para ensinar ler e escrever do tipo “o boi baba’, ‘jacaré bebe café”, etc. estará ao mesmo tempo aprendendo um código e envolvendo-se em práticas sociais de leitura e escrita, que provavelmente, não ficarão restritas ao espaço do grupo de alfabetização e à presença da professora alfabetizadora.”[vi]

Macedo (1990, p. 3) assevera

“ [...] não se tratará de descrever uma forma de ler ou escrever já praticada, mas de refazer (ainda que de forma abreviada) esta história nele e através de ações ou objetos (ou dos termos que os representam) que fazem sentido para ele. Assim poder-se-ia dizer que quando “nasce” um escritor também “nasce” uma escrita, quando “nasce” um leitor também “nasce” um texto, mesmo que, para outros, estes (o texto e a escrita) já fossem constituídos”.[vii]

Além disso, serão as provocações possíveis e necessárias que instigarão as crianças para que desenvolvam a curiosidade sobre os objetos de estudo, através de múltiplas atividades e estas dinamizadas pelas leituras de títulos que façam parte do universo daquelas e outros que sensibilizarão os sujeitos para que desejem mover-se em direção ao novo, às descobertas, ás indagações, à construção do conhecimento.
Becker; Marques (2000, p.03)

“[...] qualquer conquista do indivíduo deve-se a sua ação. Não há consciência, conhecimento, linguagem, representação ou qualquer tipo de operações mentais, nem sequer a própria mente, antes da ação. A aprendizagem deve ser entendida, pois, como obra da ação do indivíduo ou sujeito do conhecimento.”

Portanto, promover um planejamento que contemple o lúdico, através de leituras e atividades variadas que instiguem à curiosidade, promovam espaços para a ação sobre diferentes objetos produzirá um arcabouço propício para que os sujeitos construam estratégias para solucionar dúvidas, outras que desestabilizem as certezas, enfim, sejam produtores de conhecimento. 

Justificativa da proposta de trabalho
Com o objetivo de oferecer um ambiente propício para o desenvolvimento da autonomia, das interações, descobertas, do aprendizado, escolhi a Literatura como meio para atingir objetivos que são concernentes ao 3º Ano , como também à Interdisciplinaridade que perpassam todo o Ensino Básico, previstos na BNCC.[viii]

 Objetivo(s) pessoal(is) de aprendizagem da estagiária.
Ao mesmo tempo em que coloco em prática estudos, teóricos, ideias surgidas/propostos no PEAD, exercitando e dialogando com o arcabouço no qual os alunos estão imersos, portanto uma dialogia entre estudantes de diferentes níveis, ou seja, nível superior e básico, vou produzindo olhares e saberes resultantes do exercício como estudante e profissional.

Objetivos gerais
      Compreender a origem da cultura corporal e seus vínculos com a organização da vida coletiva e individual.
      Estimular a sensibilidade como leitor
      Desenvolver habilidades para a escrita
      Reconhecer, no cotidiano, referências espaciais de localização, distância e orientação
      Desenvolver a noção de cidadania
      Valorizar a vida em grupo
      Observar a variedade de animais com os quais o ser humano convive
      Compreender sequências com regularidades
      Compreender o Sistema de Numeração Decimal
      Calcular mentalmente e proceder ao arredondamento de números naturais
      Representar através de diferentes técnicas, o sentimento relativo às atividades em sala de aula

Objetivos específicos
      Experimentar e fruir brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo, incluindo aqueles de matriz indígena e africana.
      Descrever, por meio de múltiplas linguagens (corporal, escrita, oral, visual) as brincadeiras e jogos populares do brasil e do mundo, incluindo aqueles de matriz indígena e africana.
      Recriar, individual e coletivamente, e experimentar, na escola e fora dela, brincadeiras e jogos populares do brasil e do mundo, incluindo aqueles de matriz indígena e africana
      Ler  textos de diferentes gêneros textuais
     Compreender e interpretar diferentes gêneros textuais
      Reconhecer a estrutura do poema (versos, estrofes)
      Explorar possibilidades de oralização e ênfase expressivas
      Criar diálogos para história em quadrinhos
      Escrever uma história coletiva
      Relacionar a fábula à tradição popular
      Valorizar a memória na comunicação oral
      Exercitar a comunicação oral: clareza de pronúncia de palavras e frases, adequação da tonalidade da voz e da expressividade das frases
      Analisar características de personagens
      Retomar elementos que estruturam a trama na maioria dos contos infantis: situação inicial, desenvolvimento, conflito, desfecho
      Relembrar os elementos que compõem o conto: tempo, espaço, personagem, narrador
      Consolidar as relações espaciais topológicas
      Desenvolver noções de alfabetização cartográfica (pontos de vista)
      Conhecer melhor o lugar em que se vive
      Conhecer outros lugares e estabelecer relações entre eles; distâncias
      Compreender e representar o espaço mais próximo
      Valorização da vida em grupo
      Identificar-se como ser social integrado ao grupo em que vive
      Classificar os animais com base em suas características
      Reconhecer o grupo dos animais invertebrados e vertebrados e seus subgrupos: mamíferos, peixes, anfíbios, répteis e aves
      Construir o significado do número natural e se apropriar dele
      Resolver situações-problema e, a partir delas, construir os significados das operações
      Desenvolver, com compreensão, procedimentos de cálculos mental, aproximado, por algoritmos diversos e por analogia
      Comunicar ideias matemáticas de diferentes formas: oral, escrita, por tabelas, gráfico
      Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fora dela no âmbito da Arte[ix]
      Mobilizar recursos tecnológicos como formas de registro, pesquisa, e criação artística
      Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes[x]

Avaliação
         O domínio da escrita alfabética e do letramento exige uma gama ampla de atividades e conteúdos que implicam em ler, compreender e produzir textos, seja em qual área do conhecimento estiver transitando o sujeito, portanto a Avaliação deverá abarcar todo o processo sendo diagnóstica, acompanhando cada etapa do desenvolvimento e, para ser possível individualizar a observação, a Avaliação terá que acolher a mediação, a partir das tarefas orais e escritas, levando em conta as experiências trazidas pelos alunos e as soluções apresentadas às questões que surgirem e/ou forem apresentadas.
          De acordo com Hoffmann; Janssen; Esteban (Org.), (2008, p. 11)

“[...] o papel da avaliação é acompanhar a relação ensino-aprendizagem para possibilitar as informações necessárias para manter o diálogo entre as intervenções dos docentes e dos educandos.”

                                            Estudo e pesquisa: exigência docente        Ensejando a continuidade dos estudos e porvent...